O sol entrava pelas janelas da mansão, aquecendo o quarto que Sophia e eu compartilhávamos, um lembrete de que pela primeira vez em meses a vida parecia estar do nosso lado. Eu estava sentado na sala enquanto ainda me acostumava à sensação de estar em casa, livre do hospital, dos monitores, do peso constante do medo. A cicatriz no peito, onde o tiro me atingiu ainda puxava um pouco, era um lembrete de tudo o que havíamos passado, assim como o curativo em minha cabeça.
Mas as notícias eram boas, melhores do que eu ousava esperar. Os médicos disseram que a cirurgia foi um sucesso, que não havia sinais de recaída, que o glioma parecia estar sob controle. Exames regulares viriam, claro, mas pela primeira vez em muito tempo, eu podia respirar sem sentir que o tempo estava contra mim.
Sophia estava na cozinha, e eu podia ouvir o som da risada dela misturando-se com a voz animada de Lucy enquanto as duas faziam algo que cheirava a panquecas. Eu me levantei, ainda um pouco lento, mas me senti