~ LOGAN ~
A frase da Olívia não saía da minha cabeça.
Eu já tinha assinado contratos com oito zeros, fechado aquisições em ligação de quinze minutos e decidido destinos de centenas de pessoas com um “sim” ou “não” dito no tom certo. Mas nada disso exigia o tipo de coragem que aquela frase exigia.
“E às vezes eu acho que… não tenho pai também.”
Eu abri o mesmo documento pela terceira vez. Li as mesmas linhas. Não absorvi nada. O cursor piscava na tela como um deboche.
Era isso que eu fazia. Eu ocupava a mente até ela ficar cheia demais para qualquer coisa que importasse entrar. Transformava dor em agenda, culpa em reunião, luto em planilha.
Meu nome foi dito ao longe. Uma vez. Duas. Três, até a palavra atravessar o vidro da minha concentração e me puxar de volta ao escritório.
— Logan.
Levantei os olhos.
Henrique estava sentado na cadeira em frente à minha.
— Você entrou sem bater — eu observei.
— Eu bati. Você ignorou. — Ele apontou para a tela. — Tá, vamos fazer uma pausa. Você tá co