93. Milagre

Lúcia Mendes

Eu não lembro como fechei a porta, nem como desci as escadas. Só lembro de apertar a chave com tanta força que meus dedos ficaram brancos. O telefone tinha caído. A voz da Olívia ainda ecoava: “Vem rápido.”

A rua parecia mais comprida do que de costume. Entrei no uber sem pensar. Só um mantra martelando junto com o coração: “Por favor, não. Por favor, não.”

Quando cheguei ao hospital, não parei na recepção. Fui direto, como se meus pés soubessem o caminho sozinhos. Corredor, elevador, botão apertado, porta abrindo. A cada andar meu estômago afundava um pouco mais. Virei à direita, depois à esquerda, e empurrei a porta do quarto.

Vazio.

A cama esticada, os lençóis ainda mornos. A poltrona onde eu tinha dormido torta a noite inteira estava empurrada para o lado. O bip do monitor desligado parecia zombar de mim.

“Não, não, não…” Minha voz saiu sem ar. Olhei para um lado, para o outro, o corredor girando, uma agulha de gelo cravada no meio do meu peito.

Saí tropeçando, parei
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