Lúcia Mendes
Os dias no hospital tinham começado a se arrastar como uma eternidade. Não havia nada mais tedioso do que as mesmas paredes brancas, o mesmo bip intermitente do monitor e a mesma comida sem gosto servida em bandeja de plástico. Já tinha decorado até a rotina das enfermeiras. A das seis da manhã vinha sempre de mau humor, a das dez gostava de falar sobre novela, e a da madrugada… bem, essa falava sozinha.
Eu estava deitada de lado, mexendo no ramalhete já meio murcho que estava na mesa, quando a porta se abriu e Nate entrou. De terno impecável, claro, mas com um detalhe que arrancou uma risada da minha boca antes mesmo que eu pudesse segurar: mais um buquê.
“Outro?” arqueei a