Lúcia Mendes
O frio do gel ainda estava grudado na minha pele quando a médica afastou a sonda e limpou meu abdômen com delicadeza. O som do coraçãozinho, ainda ecoando na minha cabeça, parecia mais alto do que qualquer coisa no quarto. Eu não conseguia acreditar que tinha saído de mim, que era real, que aquele tum-tum-tum rápido pertencia a nós.
A doutora Miller se endireitou, tirando as luvas. O olhar dela suavizou.
“É um menininho.”
As palavras vieram como um choque elétrico. Meu peito apertou, e por um instante eu fiquei sem ar.
“Um… menino?”