Lúcia Mendes
Eliza corria tanto que me deixava tonta. Brincamos de tudo: pega-pega, esconde-esconde, inventamos até histórias malucas com flores virando coroas. Foram tantas gargalhadas que eu já me sentia exausta, mas não ousaria reclamar. Nunca conseguiria negar nada para aquele sorriso.
Quando, enfim, ela se rendeu ao cansaço, deitou no meu colo e pediu baixinho que eu contasse uma história. Obedeci, deslizando os dedos pelos fios claros e macios enquanto inventava um conto qualquer, só para embalar o sono dela. Não demorou muito para a voz dela sumir e a respiração ganhar o ritmo calmo dos sonhos.
A sala mergulhou em silêncio. Só restava o som suave da respiração de Eliza, o corpinho pequeno e quente pesado sobre mim, entregue ao sono profundo depois de tanta ale