Capítulo 62 — Ecos do Passado
A brisa do outono trouxe com ela uma nostalgia silenciosa. Clara, caminhando pelo centro da cidade, sentia-se em paz, mas ao mesmo tempo inquieta. As árvores que se despiam lentamente das folhas pareciam representar aquilo que ela também vinha deixando para trás: camadas antigas de si mesma, dores e lembranças que já não serviam mais.
Naquela tarde, ela decidiu passar em frente ao prédio onde trabalhou por anos — aquele que um dia foi símbolo de sua ambição e também do início de seu declínio emocional. Parou do outro lado da rua, observando os funcionários entrando e saindo pelas portas giratórias de vidro. Tudo parecia exatamente igual, e ainda assim, tão distante dela agora. Clara já não pertencia àquele mundo. Não com o mesmo espírito de antes.
Um impulso a levou a atravessar a rua. Queria entrar, não para retomar nada, mas para se despedir de vez da versão de si que havia vivido ali. O segurança a reconheceu e a cumprimentou com um sorriso amigável. E