69. O Teatrinho Matinal
Me viro para encarar Paolo, parado na porta com aquela expressão arrogante que sempre me dá vontade de jogar café na cara dele.
— Bom dia, Paolo — respondo, mantendo a voz calma apesar da irritação. — O que exatamente está acontecendo?
Ele entra na sala sem ser convidado, jogando uma pasta na minha mesa.
— O Sr. Takeshita recusou todos os designs — diz, parecendo satisfeito demais com a notícia. — Segundo ele, estão “ocidentais demais”. Falta compreensão da estética japonesa.
— E quando teremos a reunião para discutir uma nova abordagem? — pergunto, abrindo a pasta.
— Em meia hora — responde, consultando o relógio exageradamente. — Se não estivesse ocupada fofocando, já teria lido a notificação.
Giulia revira os olhos discretamente atrás dele, e eu preciso me controlar pra não fazer o mesmo.
— Estarei lá — corto, sem paciência para o teatrinho matinal.
Paolo hesita, como se esperasse que eu mordesse a isca. Quando percebe que não vou, dá de ombros e sai, lançando um olhar arr