“Aurora Bianchi”

O sol entra pelas cortinas do quarto e, por um momento, abro os olhos e encaro o teto, lembrando cada detalhe da madrugada.

— Estou ficando louca — murmuro, passando a mão no rosto.

A lembrança das mãos de Lorenzo na minha pele, dos lábios dele no meu pescoço, da facilidade com que me levou à loucura… tudo volta à mente, e é impossível não sorrir.

É aí que o barulho da televisão me lembra que Pietro ainda está aqui.

— Fratellino estraga-prazeres… — resmungo, me levantando.

Saio do quarto tentando não fazer barulho e vou até a cozinha preparar meu café. Preciso de cafeína para processar o que aconteceu.

Ou melhor, o que quase aconteceu.

Assim que termino de preparar o café, Pietro aparece na cozinha, se espreguiçando como um gato de armazém.

— Bom dia, sorellina — diz, sorrindo como se não tivesse arruinado a minha noite. — Dormiu bem?

— Maravilhosamente bem — respondo, sarcástica, colocando uma xícara de café na frente dele com mais força do que o necessário