Capítulo 8. Decisão

Os comentários e indecisões, começaram:

— Uau, minha deusa! Será que não foi ela quem matou os pais e deixou a irmã levar a culpa? — sugeriu um dos conselheiros.

— Não vamos acusar, novamente, sem provas. — disse Douglas e Soul bufou.

— A questão é: o que faremos com ela?

— É difícil nos reunirmos todos aqui para julgarmos as causas, podemos fazer isto imediatamente. Sugiro que a tragam para  interrogatório. Não precisamos passar os vídeos de novo, todos já assistiram e sabem o que ela fez. Agora, quanto a ter drogado o Alfa e acusá-lo de engravidar, não temos prova. 

— Eu senti o cheiro dos filhotes e não são meus. Soul não tem aceitado nenhuma fêmea, sente que nossa companheira está próxima e não quer outra. Além disso, Drucila não é minha companheira.

Douglas rosnou, irritado, não tinha como ir contrário ao que era regra entre os companheiros.

— Entendi. Vamos voltar e dar o veredicto. Dispensaremos o povo e faremos o julgamento de Drucila sem público. Não podemos expôr o Alfa. — decidiu o

Todos concordaram e saíram em fila única, da sala, voltando para o salão. Colocaram-se em seus lugares e o presidente falou o que tinham decidido. Dispensaram o povo que, antes de sair murmurando, esperaram para ver a jovem fêmea sair e só então, perceberam que Larissa estava cega.

— “ Òh! Ela está cega! “

— “ Quem cuidará dela, agora? “

— “ Quem mandou matar os pais? “

— “ Não diga isso, você ouviu o presidente, ela foi inocentada por falta de provas.”

— “ E daí, ela não vai conseguir se livrar desse estigma. Será sempre a assassina dos pais. “

Saulo ficou estarrecido ao ver a jovem tentando andar sozinha, já que pediram ao doutor para ficar e colaborar no julgamento de Drucila.

Larissa não sabia qual direção tomar e seguiu o burburinho, mas esbarrou no pé de alguém e caiu. Ouviu então, um som pior do que os seus gritos de dor, a risada do povo que a ridicularizava por estar cega. 

Começaram a provocá-la, como se fosse uma palhaça, como lhe chamou sua irmã.

Ela não os via, só ouvia e sentia os chutes e cutucadas, sem coragem de levantar. Não sabia o que fazer e chamou:

— Lucas, irmão, me ajuda. Lucas!

Lucas não respondeu, estava oculto em um canto, observando tudo,  envergonhado.

Saulo estranhou o comportamento desprovido de empatia do povo e olhou para Leonel, que entendeu e foi ajudar Larissa.

— O que pensam que estão fazendo? E se fossem vocês, gostariam de passar por isso? Saiam, vão para casa.

Todos começaram a sair, se afastando sem olhar para trás. Leonel ajudou Larissa a ficar de pé e viu o quanto ela estava debilitada e sensível. Olhou para Lucas tentando se esconder no canto e chamou, ordenando: 

— Como parte da guarda, a partir de hoje seu serviço é proteger Larissa. Ela é inocente e já sofreu o suficiente por uma vida inteira. Trate-a com respeito e dignidade.

Lucas segurou o braço de sua irmã e saiu puxando.

— Direito, Lucas.

Ele diminuiu o passo e passou a mão de sua irmã pelo seu braço e continuou andando devagar. Os dois não sabiam que Drucila seria julgada também e foram para casa. 

Quando chegaram à frente da casa, Lucas parou, mas ficou em silêncio, não disse para a irmã que a casa estava toda pichada. O povo não sabia que ela estava cega e escreveu acusações de assassinato e xingamentos pejorativos, nas paredes.

Entraram e Larissa sentiu-se bem naquele que foi seu lar por toda a vida. Como ela não tinha visto seus pais mortos, não sentia na casa o peso daquele assassinato. Conhecia tudo de cor e podia andar à vontade pela casa.

Foi até a cozinha, abriu a geladeira, tocou e cheirou tudo, verificando o que tinha, depois foi a dispensa e fez o mesmo. Sentiu todas as coisas com o toque de suas mãos e decorou os lugares para não ficar dependente de seu irmão.

— O que você está fazendo?

— Enxergando com as mãos. Preciso decorar onde estão as coisas e o que tem. Não quero te dar trabalho, não é justo.

— Por que você ficou cega?

— Drucila furou meus olhos com alfinetes sujos de acônito.

— Drucila fez isso? Por quê?

— Vai lá e pergunte a ela. Eu só sei que ela me torturou todo esse tempo que estive presa. Não bastou ter perdido nossos pais, nem poder participar do funeral, ainda fui presa sem ser culpada e torturada todo esse tempo. Quero esquecer tudo isso.

Foram para a sala, levando um pacote de biscoitos e latinhas de refrigerantes. Ela começou a contar os passos para não esbarrar mais nas coisas. Sentaram-se no sofá e ela sentiu quando o irmão pousou a mão em sua perna, em um carinho rápido.

— Se não foi você, quem foi, Larissa?

— Não vou acusar sem provas, mas só tem uma pessoa que podia fazer isso.

— Não quero nem pensar que possa ter sido ela.

— Mas pode pensar que fui eu?

— Desculpe, Lari, mas todo mundo pensou.

— Você não é todo mundo, Lucas. Você é meu irmão, fomos criados juntos, você, melhor do que ninguém, me conhecia ou será que não?

Lucas não respondeu. Ela estava certa e  pagou um preço terrível sem sequer ser julgada.

— Não vi Drucila no julgamento.

— Me disseram que ela foi presa por drogar o Alfa.

— Ai, minha deusa, o que aconteceu com a nossa irmã?

— Não sei. Tudo que quero agora é tomar um bom banho, vestir uma camisola e dormir na minha cama macia. Obrigada, Lucas.

Levantando-se, foi para a escada tateando as coisas com as mãos e subiu, sem dificuldade e logo chegou ao seu quarto. Entrou e fechou a porta, querendo privacidade, já que não enxergava. Foi para sua cômoda e pegou uma calcinha e uma camisola. Cheirou as roupas e acariciou. 

— É tão estranho ter que enxergar as coisas com o tato e o olfato, ao invés dos olhos. Vou me acostumar e quando estiver adaptada, decidirei o que fazer da minha vida.

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