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Capítulo 6. Julgamento

— Eram muitos e o doutor retirou do corpo dela, inclusive nos olhos. O doutor disse que ela foi chicoteada e deslocou os ombros.

— Penduraram-na pelos pulsos, não foi? Deve ter chegado uma hora que ela não aguentou o peso do próprio corpo. Que atrocidade, ela nem foi julgada… sabe quem fez isso?

— Não tenho provas, mas desconfio de quem foi. O doutor a levou para um lugar seguro e a trará para a reunião do conselho.

— Esses alfinetes parecem de costura, será que foram pegos do ateliê da minha mãe? — questionou Saulo, desconfiado de quem era a responsável.

— Vou investigar, inclusive, o doutor disse que estavam embebidos em acônito e se ele não tivesse aplicado o antídoto logo, ela não resistiria.

Saulo andava de um lado para outro, sem entender tudo o que estava acontecendo. Parecia que uma maldição caiu sobre a Alcateia.

— Logo, os conselheiros chegarão e é melhor você se arrumar e comer alguma coisa, teremos um dia longo pela frente. — sugeriu Leonel.

— Você tem razão. Senti o cheiro de Drucila em Carl e o filhote dela tem o cheiro dele.

— Mais uma bomba.

— Vamos resolver uma de cada vez, primeiro o conselho, não dá para adiar.

— Sim, vou levar esses alfinetes ao laboratório e volto a tempo para o julgamento, aliás, seu sangue deu positivo para sonífero, o médico testou.

— Obrigado, Leonel, você tem sido um excelente braço direito, é mais que um beta, é um irmão.

— É como me sinto. Logo tudo isso irá passar, encontraremos nossas companheiras e teremos nossos filhotes, você vai ver.

— Será muito bom. 

Saulo bateu no ombro do amigo e foi para casa. Enfrentar o conselho não seria nada fácil.

Larissa estava com as emoções tumultuadas. Ao mesmo tempo que sentia pena de si mesma, forçava-se a pensar que era forte e iria superar. Mas aí vinham as lembranças das torturas que sofreu pelas mãos de sua própria irmã, que pensava que a amava e a insegurança voltava.

As feridas em seu corpo estavam cicatrizando e a roupa cobria os hematomas de diferentes cores, existentes em seus braços, pernas e costas. Só não dava para disfarçar a cegueira. Mesmo conseguindo andar pelo quarto, com braços esticados e passos arrastados e incertos, precisava de alguém para a ajudar.

Lia e o doutor a ajudaram muito, mas o seu futuro era incerto com as ameaças de sua irmã. Ainda bem que o conselho resolveu vir antecipadamente, não aguentaria novas sessões de tortura.

Vieram buscá-la e segurando no braço do doutor de um lado e no de Lia, do outro, seguiu para o salão do castelo. Sobre um patamar no fundo do salão, estava o conselho, sentado em cadeiras de espaldar alto, com uma mesa extensa à frente. Eram cinco homens grandes, mais velhos do que todos os presentes, mas que mantinham aparência jovial, característica dos lobisomens.

O salão estava cheio, embora a maioria do povo estivesse do lado de fora, onde foi posto um telão por onde seria transmitido o julgamento.

— O povo parece ávido para ver o que acontecerá. — comentou Saulo, parado do lado direito do patamar onde estava o conselho.

— É algo raro de acontecer pelo teor da causa. — disse Leonel, ao seu lado.

Nesse instante, a ré foi anunciada e entrou, sendo levada pelos seus acompanhantes. Havia um pequeno tablado do lado esquerdo do conselho, cercado com uma grade de madeira. Larissa subiu e segurando no beiral da grade que o cervava, posicionou-se de frente para a plateia, mesmo não os vendo.

Seus olhos não pareciam ter problemas, muito menos cegueira e Saulo admirou sua beleza, mesmo ela estando muito magra. Encarava a audiência com a altivez de quem era inocente.

Um dos guardas, com uma pasta aberta nas mãos, leu o ocorrido e do que se tratava aquela reunião e o presidente do conselho tomou a palavra:

— Quem acusa a ré?

O guarda que foi chamado e viu a cena primeiro, levantou-se e declarou-se:

— Eu, guarda Rafael, fui o primeiro a ver a situação e acuso a ré.

— Quem defende a ré?

— Eu, Beta Leonel, que examinei todo o local da ocorrência e defendo a ré.

Era uma questão de representatividade e não de partidarismo.

— Prossiga a acusação.

O guarda Rafael foi à frente e narrou o que viu na casa no dia do assassinato, contando inclusive que foi ele quem levou presa a ré. Não aumentou nem diminuiu, narrou exatamente o que aconteceu. 

A audiência começou a se manifestar e alguns ousaram chamar Larissa de assassina. O presidente pediu silêncio e passou a palavra para Leonel que iniciou sua fala como um advogado de defesa.

— Como todos sabem, nós temos um laboratório de pesquisa para proteger a Alcateia contra ataques de armas venenosas ou químicas, que prejudiquem nossa espécie. Temos feito muitas pesquisas e o veneno que foi usado para assassinar o casal, foi retirado de dentro do laboratório. Acontece  que  é proibida a entrada para quem ainda não se transformou e não tem a formação adequada para trabalhar no local, que vem a ser o caso da jovem Larissa que ainda não completou a maioridade.

Novamente a plateia começou a se manifestar:

— “ O que ele quer dizer? “

— “ Ela não é a assassina? “

— “ Alguém pegou a droga para ela, quem? “

Novamente o presidente interferiu pedindo silêncio e ordenou a Leonel que continuasse: 

— Se alguém pegou o veneno e deu a ela, esse alguém deve se pronunciar. A outra prova que pegaram no local, foi um copo com as digitais dela, mas com o exame minucioso das mesmas, verifiquei que elas estavam de cabeça para baixo, fazendo parecer que alguém colocou o copo na mão dela só para pegar as digitais e depois levou para baixo e colocou o suco envenenado. Sendo assim, ele não serve como prova.

— Então as duas provas que tinham contra ela, estão descartadas?

— Sim, segundo o que contou o irmão da ré, Lucas, ela estava dormindo quando ele encontrou os pais mortos e não parecia ter noção do que havia acontecido.

— Então, não dá para ter certeza de que a ré seja a culpada?

— Não, presidente.

— Vamos perguntar, agora, o que a ré tem a dizer. Diga, Larissa Solomon, o que aconteceu naquela noite?

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