Ele verificou seus sinais vitais e soube que estava bem, mas achou melhor inserir um cateter e aplicar soro em sua corrente sanguínea.
— É melhor ela tomar soro, assim não ficará desidratada, também apliquei um analgésico e um anti-inflamatório. Será que o casal já foi embora? Parecendo responder a sua pergunta, o guarda do dia chegou e aproximou-se deles. — Aconteceu de novo? — Sim, Tobias. Só que dessa vez a tortura foi diferente, deixaram ela cega. — contou Lia. — É muita raiva e ressentimento para causar tanta dor em uma criatura indefesa. E agora, o que faremos, falta pouco para o conselho julgá-la. — Sim, se a torturarem novamente, talvez ela não resista. — disse Lia. — Vai ver é isso mesmo que eles querem. — comentou o médico. Tobias tomou uma decisão, foi até a jovem e pegando-a no colo, pediu ao médico que trouxesse o soro e saiu com ela dá cela, subiu pelas escadas e levou-a para a ala dos empregados. Ainda era cedo e ninguém os viu passar. Colocaram-na em um quarto pequeno, no final do corredor, afastado dos outros. Ali, ela ficaria presa e ninguém a encontraria, já que ela ainda não tinha sua loba e, portanto, não tinha cheiro. Ela foi bem cuidada, alimentada e assistida, estando no quartinho. Suas feridas estavam cicatrizando, mas ela não enxergava. No início, quando acordou e percebeu o que tinha acontecido com seus olhos, só queria chorar, lamentando seu infortúnio, mas o médico pediu que se controlasse, para não piorar a situação. Drucila se manteve afastada, não queria ver o resultado do que fez com a irmã, sentia que estava diferente e sua desconfiança foi confirmada pelo seu macho que sentiu o cheiro dos filhotes em seu ventre. Então, ela arrumou a cilada para o Alfa. Colocou um sonífero poderoso na bebida que o alfa sempre tomava, antes de ir deitar e dormir. Naquela noite, ele nem percebeu que dormiu pelo poder da droga e quando acordou com batidas fortes na porta, assustou-se com a fêmea deitada sobre seu peito e seu corpo sujo como se tivesse feito sexo. Os gritos de seu beta, uniram-se às batidas na porta. — Alfa Saulo, acorde, é urgente. — Já estou indo. Empurrou a fêmea com tanta força que ela caiu da cama. — Ai, amor, por que fez isso depois de termos uma noite tão maravilhosa. — Fomos drogados, Saulo. — disse Soul, em sua mente. — Você se lembra de alguma coisa? — Não, por isso sei que fomos drogados, cheire a fêmea e veja se a desgraçada tem nosso cheiro nela. Saulo foi até Drucila, segurou-a pelo braço e a suspendeu até acima de sua cabeça e sentiu um cheiro estranho que não era o dele, mas de outro e ela estava prenha. Largou-a e o baque do corpo no chão foi audível até para Leonel, do outro lado da porta, provocando novas batidas e gritos. Saulo foi até a porta e abriu-a com força, mesmo estando nu. — O que é tão importante? — Carl foi encontrado morto na floresta, esfaqueado. — Onde? — Perto da cachoeira, não tocamos em nada, esperando para você ver, primeiro. Saulo olhou para Drucila, ainda no chão, se contorcendo de dor e ordenou: — Leve essa desgraçada para a masmorra. Parece que a família toda está contaminada. Drucila gemeu, segurando a barriga e implorou: — Me ajuda, Saulo, estou com muita dor, posso estar perdendo nosso filhote. — Você pode até estar perdendo seu filhote, mas com certeza, não é meu. Leve-a e mantenha-a na cela, trancada. — Mas o que ela fez de tão terrível? — Me drogou e tentou armar que dormiu comigo, mas está prenha de outro. Leonel aproximou-se da fêmea e inspirou o ar, sentindo o cheiro que emanava dela, franziu a testa e cheirou de novo. — Não é o seu, Alfa, mas me é familiar. Saulo pegou um pires sobre a mesa arrumada para o café, furou uma veia no pulso e deixou cair o sangue, não muito, só o suficiente para fazer um exame toxicológico. — Leve isso para o laboratório, vou ver o corpo. Carl era um bom guardião, quem fez isso pagará com a própria vida. Pulou a janela e quando pousou no chão, já era Soul, que correu em disparada para o local onde ainda estava o corpo e quando chegou, o corpo já fedia, mas deu para sentir o cheiro natural do lobo e era parecido com o cheiro que sentiu em Drucila e seu filhote. — Maldita fêmea encrenqueira. Ele rodeou todo o lugar e assim como sentiu próximo a casa onde houve o assassinato de seu Beta, sentiu ali, o cheiro muito distante de Drucila. Mas como da outra vez, não podia usar isso como prova. — Podemos levar o corpo, Alfa. — Sim, mas guardem tudo que estiver com ele. — Sim, Alfa. A família dele já foi avisada e não sabemos como justificar esse ataque. — Isso não foi um ataque, foi um assassinato de alguém de dentro. Saulo voltou para casa e Leonel contou que Drucila já estava em uma cela, mas trouxe outra notícia: — Trancamos Drucila, chamamos o médico para a atender e percebemos que Larissa não estava na cela. Saulo franziu a testa e Soul já estava na superfície. — Como assim, ela fugiu? O tico e teco de Saulo já tecia várias suposições, inclusive de ser ela a assassina de Carl. — Ela não fugiu, é pior do que isso. — Como pode ser pior, ela também foi morta? — Quase… — Árh…— rosnou Soul — conte tudo de uma vez, pare de enrolar. — O doutor cuidou de Drucila, deu-lhe um calmante e quando nos viu comentando sobre o sumiço da prisioneira, nos levou a outro corredor e nos mostrou o local onde a estavam torturando. Trouxe o que encontrei caído no chão. O doutor disse que usaram nela, ontem. Leonel tirou um saquinho do bolso, com uma boa quantidade de alfinetes e entregou ao Alfa. — O que fizeram com isso?