Vendo que não adiantava fazer mais nada com sua vítima desmaiada, Drucila parou e olhando sua obra a distância, cantarolou:
— Olha a palacinha, toda coloridinha! — Vai tirá-la daí? — perguntou Carl. — Não, quero você, estou pegando fogo. — Venha, nosso quarto está pronto e a porta lá em cima, trancada. Ninguém nos perturbará. Drucila havia arrumado uma das celas com todo o conforto. Uma cama de casal com colchão de molas e muito bem forrada. Um frigobar com bebidas geladas e Carl sempre providenciava petiscos. O macho não esperou chegarem ao cômodo, arrancando suas roupas, prensou o corpo nu da companheira, de costas na parede, ergueu suas pernas e com um empurrão só, penetrou-a com força. Dali, foram para a mesa, onde ela se debruçou e ele foi por trás, a pegando com força, arranhando com suas garras e mordendo seu ombro com as presas. Continuaram noite adentro, na cama e dormiram ao amanhecer. Não viram que a serva responsável pela alimentação da jovem prisioneira, inconformada com o que estavam fazendo com a prisioneira, pediu ajuda do médico e ambos colocaram, sem que ninguém soubesse, câmeras ocultas pela masmorra. Intuindo que algo não estava bem, a serva foi mais cedo e pediu o médico para ir com ela até a masmorra. Percebeu que a porta estava trancada, mas trouxe consigo a chave reserva e abriu devagar, tendo certeza de que havia alguma coisa estranha. Depois de entrarem, ela trancou a porta por dentro e seguiu o médico, descendo pela escada de pedras em forma de caracol. Conforme se aproximaram do primeiro andar, um som cadenciado chegou aos seus ouvidos — Está ouvindo isso, Lia? É um casal acasalando… — comentou o médico. — Sim, eles não têm pudor nem dentro deste lugar horrível. — Vamos seguir o som e ver quem são. Os dois precisaram se esforçar pelo labirinto de cenas até encontrar o quarto improvisado do casal. Eles haviam acordado e estavam se engalfinhando, novamente, e o médico, imediatamente, pegou o seu celular e com cuidado filmou os dois. Lia ficou escandalizada, ao ver a concubina do Alfa naquela euforia, dizendo palavras torpes, enquanto pulava sobre o quadril do macho. — Vamos… — falou baixinho, o médico, percebendo que eles estavam finalizando. Quando chegaram ao andar da prisioneira, Lia perguntou: — Conseguiu filmar a cara da sem vergonha, doutor? — Não foi fácil, mas consegui sim. Ninguém pode saber que temos essa gravação, será um trunfo se ela quiser nos ameaçar por cuidarmos da irmã. — Você acha que é ela quem tortura a prisioneira? — Provavelmente, e se ela está aqui, é porque torturou a irmã essa noite, mais uma vez. Lia levantou o rosto para olhar para o lugar onde sempre encontrava a menina e o horror franziu seu rosto, pois o corpo estava pendurado pelos pulsos e cheio de pontinhos coloridos. — O que é aquilo? O que aquela desgraçada aprontou dessa vez? Correram até a prisioneira e viram que eram muitos alfinetes espalhados pelo corpo da jovem. Lia não aguentou e suas lágrimas rolavam, conforme ela ia tirando os alfinetes do corpo, para poder tirá-la dali. — Que crueldade… — disse o médico, ajudando a retirar os alfinetes. Alguns estavam tão enterrados que só aparecia a bolinha colorida, se não tivesse aquela bolinha, o alfinete teria sido engolido pelo corpo e não conseguiriam retirar. Quando conseguiram tirar os alfinetes que conseguiram ver, o médico pegou a chave pendurada na parede e abriu os ferros que prendiam os braços da jovem. Percebeu que os ombros dela estavam deslocados por causa do peso constante do corpo sobre as juntas. Além dos alfinetes, ela estava ferida por causa das chicotadas e quando ele virou-a para olhar a parte da frente, viu que seus olhos também foram perfurados por alfinetes1. — Que horror, é muita crueldade, porque fizeram isso com ela? Ela ainda nem foi julgada… — É, Lia, mesmo que ela seja culpada, o que estão fazendo ela sofrer é muito indigno. Vou levá-la para o catre e cuidar das feridas. — E os olhos, como ficarão? — Espero que ela não perca o humor vítreo, pior que ficar cega, é ficar cega sem o olho. — disse o médico, limpando o corpo com gase embebida em álcool. — O senhor não vai tirar, doutor? — Lia referia-se aos alfinetes dos olhos. — Deixarei por último, precisarei de muito cuidado para não aumentar a ferida. — Se ela tivesse sua loba, curaria mais rapidamente e não ficaria com tantas cicatrizes. — choramingou Lia. — Creio que falta pouco para ela ter sua transformação, pois tem se curado cada vez melhor. Eles se calaram para poder cuidar bem da fêmea, que além de ferida, estava suja e Lia foi buscar um balde com água para banhá-la. Depois que o médico cuidou de suas feridas, estancando o sangue e costurando as mais profundas, Lia esfregou bem o corpo e jogou água, deixando-a limpa. Eles a transferiram para uma cela melhor e o médico fez os curativos, Lia vestiu-a com um vestido limpo que trouxe e o médico pôde, enfim, cuidar de seus olhos. A impressão que ele teve, foi de que os alfinetes foram inseridos com os olhos fechados e a jovem já devia estar desmaiada. Com cuidado, usando luvas e gaze umedecida, foi puxando o alfinete do olho esquerdo, que saiu limpo. Ele levantou sua pálpebra e viu que o líquido não escapou pelo furo. — Então, doutor Com muita certeza, o médico falou: — O furo é mínimo e não deixou o líquido escapar, mas foi fundo e perfurou a córnea, a iris e o cristalino, ela ficará cega, com certeza. Me passe a garrafa d’água. Lia deu a garrafa para o médico, que lavou o olho, usando a gase para não escorrer e molhar a cama. Depois repetiu o mesmo procedimento no outro olho. Pegou um colírio em sua bolsa e pingou nos olhos. — Pronto, vou cobrir com gaze para evitar infecção e ela terá que se acostumar com a cegueira. Tomara que quando ela se transformar, o poder da loba a cure. — Tadinha, ainda nem voltou a si.