RUBY PORTMAN
O dia arrastou-se com uma lentidão dilacerante, deixando-me num estado de angústia que gradualmente se transformou em indiferença. À medida que as horas se estendiam, a raiva que inicialmente borbulhava dentro de mim cedeu espaço a uma apatia desoladora. Durante esses longos dias que se seguiram, percebi que além de mim, ninguém parecia verdadeiramente preocupado com a ausência dele que havia se prolongado além do aceitável.
Tentei encontrar justificativas para a minha própria tranquilidade, buscando consolo na premissa de que o motivo era simples: eu sou, afinal de contas, a sua secretária e assistente pessoal. Era parte intrínseca da minha função zelar pelo bem-estar de quem, diretamente, paga o meu salário.
Contudo, mesmo com esse argumento que eu mesma construíra, não podia negar que algo estava profundamente errado, mas preferia não admitir para mim mesma o real motivo.
É bem melhor assim.
A única coisa que posso confessar, é que Harry Radcliffe fez falta.
As manhãs