Grave me guiou até o salão que ficava na entrada do clube. O espaço era amplo, mas naquele momento havia apenas alguns Ceifadores espalhados pelos sofás e o homem do bar — o mesmo que havia servido as bebidas na noite da festa."Esse aqui é o coração do clube durante o dia", Grave disse, apontando ao redor com um movimento preguiçoso da mão. "É onde a maioria dos encontros começa."Meus olhos passaram pelas paredes escuras, o cheiro familiar de couro, cigarro e café pairando no ar."Maggie é a senhora do Cain", ele continuou, me guiando até um canto mais reservado. "Ceylan é a senhora do Doc. Por enquanto, são as únicas mulheres oficialmente ligadas ao clube. Cada uma tem um papel essencial na rotina por aqui.""Tipo o quê?", perguntei, interessada."Organizam a cozinha, a faxina, mantêm tudo funcionando quando os caras tão na estrada ou ocupados com... os negócios do clube." Grave me lançou um olhar que dizia mais do que ele verbalizou.Assenti, absorvendo tudo. A ficha começava a ca
Eu ainda conversava com Maggie e Ceylan quando Grave surgiu na porta da cozinha, parecendo apressado."Loira?" chamou, atraindo minha atenção. "Iron acabou de voltar."Meu estômago deu um salto. Sem perder tempo, segui Grave pelo corredor até a entrada do clube.Foi então que o vi.Trent estava no bar, pedindo uma bebida casualmente, como se fosse um dia qualquer. Mas à medida que me aproximei, o mundo ao meu redor pareceu desacelerar — suas roupas estavam cobertas de sangue seco, havia manchas no couro do seu colete, e a barra da calça parecia encharcada.Antes que eu pudesse reagir, uma das portas ao lado se abriu e um homem mais velho, de uns sessenta anos, apareceu carregando uma mala médica. Ele atravessou o salão com passos apressados até Trent.Eu parei, paralisada a poucos metros deles, sentindo o coração martelar no peito. Foi só então que percebi o corte profundo na lateral da cabeça de Trent, bem na linha do couro cabeludo. Seu rosto, parcialmente coberto de sangue, era um
Nossas roupas estavam espalhadas pelo chão como se tivessem sido arrancadas com pressa — e talvez tivessem mesmo.Trent se deitou entre minhas pernas, os olhos fixos nos meus com uma fome crua que me fez tremer.Seus lábios capturaram os meus em um beijo desesperado e suave ao mesmo tempo.Era como se ele quisesse devorar cada pedaço de mim, mas ao mesmo tempo saborear tudo devagar.Sua língua pediu passagem contra a minha boca, e eu cedi de imediato, gemendo baixinho quando nossas línguas começaram a lutar entre si.Ele, claro, dominou a batalha sem esforço, e quando se afastou, nossas respirações estavam entrelaçadas, quentes e ofegantes.Sem aviso, senti um dedo seu deslizar dentro de mim, arrancando outro gemido dos meus lábios."Você já está toda molhada pra mim, Elise," Trent murmurou com a voz rouca, seu hálito quente contra minha pele.Antes que eu pudesse responder, ele introduziu um segundo dedo, e seus movimentos precisos começaram a me levar à beira da loucura.Seus dedos
Trent se levantou da cama, onde estava sentado, e caminhou até a poltrona no canto do quarto. Jogou o corpo ali, relaxado, enquanto terminava de secar o cabelo com a toalha. O cheiro de sabonete ainda pairava no ar, misturado ao perfume quente da pele dele. Eu me acomodei na beirada da cama, cruzando as pernas e observando cada movimento.Suspirei, pensando antes de responder. "Gostei delas", admiti, passando a mão distraidamente pelo lençol. "A Ceylan tem uma presença forte... um jeito prático, sabe? Parece alguém que já enfrentou muita coisa e aprendeu a não se abalar fácil."Trent assentiu devagar, me incentivando com o olhar a continuar."A Maggie... ela é diferente. Mais sensível. Dá pra ver que carrega muita coisa dentro dela, mesmo tentando sorrir. Quando ela falou sobre querer ter filhos... eu vi nos olhos dela o quanto aquilo pesa."Os olhos de Trent suavizaram, e ele inclinou o corpo para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos para me ouvir melhor."Você percebe tudo rápi
Sabine saiu do corredor batendo as botas pesadamente no chão, cada passo carregado de frustração e raiva.O som ecoou pelo corredor vazio, mas eu permaneci ali, parada, absorvendo tudo o que tinha acabado de acontecer.Ao meu lado, Ceylan apenas riu, como se aquela situação fosse um espetáculo recorrente para ela."Você pode explicar essa história?" perguntei, cruzando os braços, minha voz saindo mais firme do que eu esperava.Ceylan deu de ombros, com um sorriso preguiçoso brincando nos lábios."Acho melhor você escutar isso direto do Iron, Elise," respondeu, como se dissesse que era algo grande demais para ela resumir.Assenti devagar, sentindo o estômago revirar com a resposta.Sabia que algo pesado tinha acontecido entre eles.Não era só um antigo caso mal resolvido — era mais profundo, mais grave.Eu podia sentir pela forma como Trent a afastou naquela noite da festa, como se a simples presença dela fosse um veneno.E conhecendo o homem que ele era... Um homem que já havia matado
Ele assentiu, a mão acariciando de leve minha cintura."Os Ceifadores já existiam, mas cresceram da nossa raiva, Amor. Mas também da nossa lealdade. Grave é meu irmão. Não precisa de sangue pra isso."Olhei para Grave, ainda sentado ali, tão rígido quanto uma pedra, tentando ignorar a presença de Sabine.Havia tanta história não dita naquela sala que era quase palpável."Algumas feridas demoram pra cicatrizar," Trent disse, sua voz agora mais baixa e carregada de uma compreensão silenciosa.Eu me aconcheguei mais ainda no colo dele, sentindo seu calor me envolver.Talvez um dia ele me contasse mais.Talvez algumas histórias fossem apenas deles — dele e de Grave — e tudo bem.Eu já tinha a certeza que importava: entre eles existia algo inquebrável.Enquanto eu ainda me acomodava no colo de Trent, tentando me misturar sem chamar atenção — tarefa difícil considerando que ele fazia questão de me exibir — senti Ceylan se aproximando, trazendo seu prato na mão.Ela se sentou na cadeira ao m
PONTO DE VISTA DE TRENTTive que sair no meio do maldito almoço. A primeira refeição da Elise como minha Senhora no clube... e lá estava eu, deixando ela sozinha naquela porra de salão cheio de olhares curiosos e de vadias ressabiadas. Mas não era qualquer ligação. Era o Doyle.Fechei a porta do meu escritório com um empurrão do ombro e atendi o telefone, jogando meu peso na cadeira de couro atrás da mesa."Fala."Do outro lado da linha, a voz de Doyle veio firme, como sempre."Iron, só pra te avisar que está tudo pronto pra gente dar entrada nos papéis da adoção da Mel."Fechei os olhos por um segundo, soltando o ar com força pelo nariz."Tem certeza que essa merda vai funcionar?""Tenho um contato no tribunal que me deve um favor. A assistente social já emitiu a ordem de busca, mas com os papéis certos e o timing que estamos armando, você vai ter a custódia antes que qualquer um apareça pra levar a menina.""Essa porra tem que dar certo, Doyle. Perder a Mel acabaria com a Elise. E i
Estávamos no meio da conversa quando ouvi três batidas na porta. Graves e certeiras.Sabia que era ela. Como se o destino fizesse questão de anunciar."Pode entrar, Amor." Falei alto o suficiente. Grave virou o rosto na mesma hora.Elise entrou com o queixo erguido, os olhos sérios e aquele olhar que atravessava qualquer um, até mesmo eu."Vou dar espaço pra vocês." Grave murmurou e saiu, passando por ela com um aceno leve. A porta se fechou atrás dele.Ela ficou ali parada por um segundo, os olhos me encarando. Depois ajeitou uma mecha do cabelo macio atrás da orelha e se aproximou."Você já deve ter conhecido a Sabine." Falei antes que ela precisasse perguntar."Oh, sim." Ela respondeu com um sorrisinho irônico. "É sobre isso que eu gostaria de falar com você."Me encostei na beirada da mesa, cruzando os braços."Pelo que escutei, há um passado entre você, Grave e ela." Ela continuou, direta. "Devo me preocupar com ela?"Soltei uma risada alta e rouca, balançando a cabeça."Foda-se