Capítulo quarenta e seis

Não esperei por Trent.

Sabia que ele não poderia estar fisicamente comigo naquela situação. Aquela parte do nosso plano eu teria que fazer sozinha.

Peguei um táxi e segui o trajeto inteiro com o coração batendo alto no peito, como se tentasse me alertar de que algo estava prestes a dar muito errado. Do lado de fora, a cidade escurecia em tons acinzentados, e tudo o que eu conseguia pensar era: onde diabos minha mãe estava?

Quando o táxi parou na frente do prédio, já era quase noite. O céu tingido de roxo profundo refletia exatamente como eu me sentia por dentro. Transtornada. Quase sem ar.

Paguei a corrida e subi os degraus como se estivesse indo para uma sentença.

Assim que entrei no saguão do prédio, meus olhos encontraram Mel.

Ela estava sentada em uma cadeira, com a mochila nas costas, os pés balançando no ar e os olhos marejados. Ao lado dela, Samanta — a assistente social — segurava uma prancheta com alguns papéis. Tudo nela parecia frio, prático demais. O cabelo preso num coque
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