"E o que ela queria?" minha mãe perguntou, a voz carregada de tensão.
Ela largou a faca e o legume no balcão com um baque surdo. Eu vi seus ombros ficarem rígidos, e pela primeira vez naquela noite, um vislumbre de preocupação passou pelo seu olhar enevoado pelo álcool.
Respirei fundo antes de responder:
"Ela quer que você se trate... ou Mel terá que ir para um abrigo."
Minha mãe apertou os lábios, desviando o olhar.
"Se isso acontecer, você pode ficar com ela." ela falou com muita certeza em seu olhar "Você sabe que eu não sou contra essa ideia, mas..." Hesitei por um instante. "Eu só não quero que as pessoas pensem que sou uma péssima mãe."
Ela riu sem humor.
"Ou que sou drogada e bêbada."
Soltei um suspiro cansado e esfreguei o rosto.
"Mãe? Todos já acham isso. Pelo amor de Deus!"
Ela me encarou, e por um segundo, vi um lampejo de dor em seus olhos. Mas ele sumiu tão rápido quanto apareceu.
"Eu não posso ficar com Mel." Disse, mais para mim mesma do que para ela.
Minha mãe franziu