O primeiro grito cortou a madrugada como uma lâmina.
Selena despertou com o coração em disparada. Não era sonho. Era real.
Ela se sentou na cama num rompante. O cheiro de fumaça já se infiltrava pelas frestas da janela.
Correu até a vidraça e viu o caos se instalando:
labaredas dominavam as estufas, e o céu, antes coberto de estrelas, agora ardia em vermelho.
Crianças corriam, desorientadas. Homens tentavam conter os focos de incêndio, mas os invasores sabiam onde atingir.
A muralha norte havia cedido.
— Theron… — murmurou.
Ela sabia.
Não precisava ver para reconhecer o veneno da destruição.
Ele não só viera. Ele planejou cada detalhe.
Vestiu-se às pressas e saiu, ignorando o calor das cinzas sob os pés.
— Todos para os abrigos de pedra! Reúnam as crianças! Protejam os mais velhos! — gritou com a voz rasgada, firme, tentando conter o pânico.
Mas o caos já dominava.
Fumaça espessa subia como prenúncio de morte.
O vilarejo, que ela havia ajudado a reconstruir com fé, barro