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Cativa do Alfa
Cativa do Alfa
Por: Luna Barreto
Capítulo 1 – A Maldição dos De’Roux

A lua cheia pairava sobre o céu como uma sentença.

Fria. Imponente. Implacável.

Darian ajoelhava-se no centro do Círculo de Pedra, no coração da floresta ancestral. A névoa que serpenteava entre as árvores parecia conter a respiração, como se a própria natureza aguardasse em silêncio. Ao redor dele, os líderes do clã De’Roux observavam, seus rostos ocultos por capuzes cerimoniais. Não era reverência o que vestiam — era medo.

O fogo sagrado ardia com chamas azuladas, dançando ao ritmo de sussurros ancestrais. Um sinal claro: os espíritos estavam presentes.

— A linhagem dos De’Roux está prestes a ruir — declarou o ancião do centro, com uma voz grave como trovão abafado. — Se não encontrares tua companheira até a próxima lua, serás consumido pela força que herdaste.

A maldição dos Primeiros Alfas.

O legado dos escolhidos.

A mesma dádiva que coroou líderes imortais… e destruiu os que falharam.

Darian não respondeu. Sentia o gosto metálico do medo na boca. Os olhos de seus antepassados — vivos e mortos — pareciam pesar sobre ele, como se todos estivessem à espera de sua queda.

— E se ele não a encontrar? — murmurou um jovem guerreiro ao fundo.

O silêncio caiu como lâmina.

— Ele se tornará fera para sempre — respondeu o ancião, firme. — Perderá o controle. Perderá o nome. Perderá a alma.

O Alfa se tornará maldição.

Horas depois, o interior da fortaleza permanecia mergulhado na penumbra.

Darian socou a laje da lareira com a palma aberta. Uma rachadura se formou na pedra, mas não trouxe alívio. As chamas vacilantes lançavam sombras nas paredes de pedra, como se zombassem de sua impotência.

"Eu sou o último dos De’Roux."

Essa verdade roía seus ossos como ferrugem.

Desde menino, ouvira as lendas.

Seu bisavô havia liderado as cinco alcatéias do norte, selando alianças com um rugido e um olhar. Seu pai… tentou resistir à maldição. Mas ela o destruiu. Primeiro veio o isolamento. Depois, a raiva incontrolável. E então… o vazio. Darian viu o homem definhar. Perder-se.

Agora, era sua vez.

— Nenhum nome. Nenhum sinal. Só um prazo — murmurou, encostando a testa à pedra fria. — E a maldita sensação de que estou ficando louco.

A marca em seu ombro queimava. O desenho da meia-lua entalhado em carne viva pulsava com uma energia própria. O chamado havia sido disparado.

Ela existia.

Em algum lugar, a companheira destinada respirava sob o mesmo céu. E ele a sentiria quando estivesse perto. O lobo dentro dele saberia. Mas o tempo corria como sangue entre os dedos.

A cada noite, a fera ganhava força.

A cada lua, o controle diminuía.

Ele já acordava com os olhos cinza tomados por um brilho feroz. Já sentia a pele vibrar. Os músculos estremecerem. Era como se uma presença interior — antiga, selvagem — estivesse rasgando as fronteiras do que ainda restava de homem em si.

Darian era forte. O mais forte do clã em séculos. Mas nem força podia impedir o que se aproximava.

Se a encontrasse e ela o rejeitasse… a maldição o tomaria do mesmo jeito. O vínculo precisava ser aceito. Sentido dos dois lados.

E ela… nem sabia que ele existia.

— Eu não vou ceder — rosnou para si mesmo. — Nem morto. Eu vou encontrá-la.

Mas, no fundo, ele sabia: não era uma escolha.

A Lua havia chamado.

O prazo estava contado.

E o Alfa, por mais poderoso que fosse… também sangrava.

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