O dia nasceu devagar, como quem respeita a fragilidade de um novo começo.
A luz se infiltrava pelas cortinas pesadas, tocando a pele de Darian como um sussurro — e, pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu calor… e vida.
Selena já estava acordada.
Sentada ao lado da cama, com os cabelos presos de qualquer jeito e um manto sobre os ombros, ela observava cada movimento dele como quem cuida de algo precioso que quase perdeu.
Darian piscou devagar. Os olhos estavam mais vivos. A respiração, mais firme.
— Ainda é manhã? — ele murmurou, a voz rouca.
— Bem cedo — respondeu ela, com um sorriso de canto. — Mas parece o dia mais claro do mundo.
Ele fechou os olhos por um segundo e respirou fundo.
— Você ainda tá aqui.
— E onde mais eu estaria?
Ela se inclinou e o ajudou a se sentar devagar. O corpo ainda doía, mas ele não reclamou. Estava ali. Estava vivo. Com ela.
— Trouxe algo pra você comer. Pouco, mas é um começo — disse, entregando a tigela.
— Se for você trazendo, tá ótimo.
Ela riu.
—