— Foi você que enfeitiçou ele de novo, não foi? — Carolina falou como se Roberto fosse um feiticeiro.
Roberto já era figurinha conhecida ali, quase um “hacker” do lugar, sempre arrumando algum jeito de encantar os velhinhos e as velhinhas. Pelo menos, sua intenção era sempre fazê-los rir.
Ele fez um gesto com o dedo, chamando Carolina. Ela nem se moveu, permanecendo com a expressão de quem dizia “fala o que quiser”. Roberto então se inclinou mais perto dela.
— É que eu disse para ele que ia arrumar uma companheira.
Carolina ficou em silêncio.
— Pois é, percebi que o amor não tem idade. Oito décadas de vida não atrapalham em nada quando o coração resolve bater mais forte.
A observação de Roberto fez Carolina lembrar de uma notícia que estava em alta: uma senhora que dançava em praças públicas havia vinte anos e que, nesse tempo, ganhara mais de cem pulseiras de ouro de admiradores.
Ela pensou nos idosos dali. Naquela idade, mesmo que houvesse vontade, o corpo já não acompanhava. E acab