Após uma trágica viagem de negócios, Afonso desaparece em um acidente de avião, deixando Melissa devastada e sem saber como prosseguir. Sem o corpo de seu amado para fazer o luto, Melissa se vê presa a memórias dolorosas e ao medo constante das ameaças de Salvatore, que agora se tornou um fantasma em sua vida. Determinada a encontrar paz e um novo começo, Melissa decide deixar a mansão e o passado para trás. Junto com seus filhos, Matteo e Laura, e sua mãe, Aurora, ela embarca em uma nova jornada em um país desconhecido, buscando anonimato e uma vida simples. O desafio é imenso: adaptar-se a uma nova cultura, lidar com o luto e proteger sua família dos ecos do passado.
Ler maisA atmosfera na mansão Bianchini estava pesada, o ar carregado de tensão. Afonso olhou pela janela, observando o jardim que sempre fora um refúgio para sua família. Mas agora, tudo parecia ameaçado. A revelação de que Luca, o melhor amigo de seu filho Matteo, era na verdade o filho de Salvatore, seu antigo inimigo, havia transformado o que deveria ser um vínculo inocente em uma fonte de desgraça.
— Afonso, você precisa entender — disse Melissa, sua voz trêmula de preocupação. — Esse menino não é apenas um amigo para Matteo. Ele é uma ligação direta com o passado.
Afonso olhou para o relógio, impaciente. A reunião de negócios estava se aproximando, e ele sentia um misto de ansiedade e preocupação. Nos últimos meses, confiara seus negócios a Ângelo, que havia se mostrado um verdadeiro amigo, especialmente desde que revelou os detalhes sobre a morte do pai de Afonso. A amizade entre eles se fortalecera, e Afonso acreditava que poderia contar com Ângelo para tudo.
— Você não precisa se preocupar tanto com a empresa agora — disse Melissa, tentando aliviar a tensão no ar. — Ângelo é confiável, e ele sabe o que fazer. Vamos nos preocupar em manter Matteo longe do Luca.
Afonso assentiu, mas a inquietação o consumia. A verdade sobre Luca, filho de Salvatore, ainda pairava sobre sua mente como uma nuvem sombria. Ele sabia que o menino poderia trazer problemas, mas não podia deixar que isso interferisse em seus negócios. Com um último olhar para a família, ele se despediu, prometendo voltar em breve.
Algumas horas depois...
Afonso entrou no avião, se sentou na poltrona do lado da janela e revisou mentalmente a agenda da reunião. A mente estava ocupada, mas havia uma preocupação persistente que não o deixava em paz.
O voo começou como qualquer outro, mas, quando a aeronave entrou em uma turbulência intensa, Afonso sentiu um frio na espinha. O barulho dos motores se intensificou, e os passageiros começaram a demonstrar sinais de pânico. Ele fechou os olhos, fazendo uma rápida oração, esperando que tudo se resolvesse.
Mas, em um instante, a calmaria se transformou em caos. A aeronave despencou, e Afonso percebeu que sua vida estava prestes a mudar para sempre. Ele não tinha como saber que essa viagem de negócios não o levaria a um futuro promissor, mas ao seu destino final.
O telefone da mansão tocou, o som ressoando de maneira estrondosa no silêncio opressivo que cercava Melissa. Cada toque parecia um golpe, uma chamada insistente que ecoava em seu peito, fazendo seu coração disparar. Ela sentiu como se o mundo tivesse desacelerado, e, com mãos trêmulas, pegou o aparelho.
— Alô? — sua voz saiu quase em um sussurro, carregada de um pressentimento sombrio.
O silêncio do outro lado foi ensurdecedor, e então, a informação chegou como uma facada. Seu rosto, antes corado, ficou pálido como a lua, e a sensação de desespero a envolveu como um manto pesado. O tempo parecia ter parado, seu corpo congelou em uma expressão de horror, enquanto a realidade se despedaçava ao seu redor.
Aurora estava à sua frente, com o olhar fixo na filha, uma expectativa silenciosa em seus olhos. Ela parecia querer que Melissa dissesse algo, que trouxesse alguma esperança ao ar carregado de tensão. Mas as palavras falharam. Melissa apenas olhou para sua mãe, o peso da notícia a tornando incapaz de se mover.
Então, o telefone escorregou das mãos de Melissa, caindo no chão com um estrondo seco, como se o som ressoasse em sua alma. O olhar de Melissa se apagou, e as lágrimas começaram a escorregar pelo seu rosto, uma torrente que inundou sua expressão de dor. O desespero tomou conta dela, e o que antes era uma mulher forte agora se transformou em alguém completamente desolado.
Aurora, tomada pela angústia, deu um passo à frente, tentando alcançar sua filha, mas o momento parecia surreal. As duas se entreolharam, e a conexão emocional se intensificou. Melissa começou a chorar em silêncio, suas lágrimas caindo como gotas pesadas, cada uma representando uma parte da vida que se desmoronava.
Num ato instintivo, Melissa abraçou a mãe, e as duas se entregaram ao lamento, os corpos tremendo com a dor compartilhada. O eco do telefone caído se misturava ao som de seus soluços, enquanto a mansão, uma vez cheia de risos e amor, agora se tornava um cenário de desolação. O futuro se dissipava em uma névoa densa, e a tristeza que as envolvia era uma verdade que nenhuma delas conseguia escapar.
Aquele momento, repleto de dor e perda, era o prenúncio de uma nova realidade, onde a esperança parecia ter desaparecido, deixando apenas lágrimas e a amarga certeza de que tudo havia mudado para sempre.
Aurora, percebendo o desespero da filha, tentou acalmá-la, mesmo enquanto sua própria dor era imensa. — Melissa, precisamos ser fortes… por Matteo e Laura. Eles precisam de nós agora mais do que nunca.
As palavras de sua mãe, embora carregadas de amor, só aprofundaram a tristeza de Melissa. Ela olhou para o chão, onde o telefone ainda repousava, como um símbolo do que havia se perdido. A ligação que trouxera a notícia devastadora agora parecia um objeto sem importância, mas que carregava o peso de um mundo desmoronado.
— Como podemos seguir em frente? — Melissa perguntou, sua voz entrecortada. — Ele se foi, mãe. E com ele, tudo o que éramos…
Aurora apertou a filha contra si, seus próprios olhos cheios de lágrimas. — Não podemos deixar que isso nos destrua. Afonso gostaria que lutássemos, que cuidássemos um do outro.
Melissa sabia que sua mãe estava certa, mas a dor parecia insuportável. Era como se uma sombra a seguisse, lembrando-a constantemente do que havia perdido. O Amor de sua vida tinha ido embora de repente.
Após alguns momentos, elas se afastaram, os olhos ainda marejados. Aurora olhou para Melissa, determinada. — Vamos... precisamos preparar as crianças para o que estar por vir.
Com um aceno hesitante, Melissa concordou. Ela se lembrou de Matteo e Laura, suas carinhas inocentes e os sorrisos que, agora, pareciam tão distantes. Precisava ser forte por eles, mas a batalha interna era intensa.
As duas se levantaram, ainda sentindo o peso da tragédia, e seguiram em direção aos quartos das crianças. Ao longo do caminho, cada passo parecia mais pesado que o anterior, como se o chão estivesse grudado em seus pés. Melissa desejou que houvesse um caminho mais fácil, uma forma de escapar da dor que as cercava.
Ao chegarem ao quarto de Laura, encontraram a menina brincando com seus brinquedos, alheia ao caos que se desenrolava fora daquela sala. O coração de Melissa se apertou. Como explicar a uma criança tão pequena que o pai nunca mais voltaria? Ela se agachou ao lado da filha, tentando manter a voz firme.
— Laura, querida… você se lembrou de como papai sempre disse que o amor dele está conosco, mesmo quando ele não está aqui?
Laura olhou para a mãe, confusa, mas ainda inocente. — Sim, mamãe. Ele sempre disse isso.
Melissa respirou fundo, desejando que pudesse proteger a filha daquela realidade cruel. Enquanto isso, Aurora observava de longe, admirando a força que sua filha tentava mostrar.
Após alguns momentos, elas deixaram o quarto de Laura e se dirigiram ao de Matteo. Ao entrar, Melissa encontrou o menino sentado na cama, os olhos cheios de lágrimas que não tinha coragem de derramar. Ele a olhou com uma expressão que dilacerou seu coração.
— Mamãe, onde está o papai? — a voz de Matteo era baixa, mas a pergunta ecoou como um trovão na mente de Melissa.
O que ela diria? As palavras não saíam. Ela apenas se aproximou, envolvendo o filho em um abraço apertado, tentando transmitir todo o amor que sentia. Em silêncio, ambos choraram, unindo suas dores em um momento de compreensão mútua.
E, enquanto a dor os envolvia, a mansão, que antes fora um lar, agora era um espaço marcado pela ausência. As sombras do passado se tornaram mais escuras, mas, em meio ao desespero, Melissa prometeu a si mesma que seria forte, por mais doloroso que fosse, continuaria, ela faria o possível para que o amor de Afonso permanecesse vivo nas memórias e corações de seus filhos.
Mike olhou para ela, sua expressão se suavizando por um momento. Ele tinha amado Melissa de uma maneira intensa e duradoura, mas ao olhar para ela agora, ele soube que a vida tinha um jeito estranho de colocar as pessoas no lugar certo, mesmo quando era doloroso. A dor de perder a chance de estar com ela foi real, mas ele também sabia que, no fundo, ele queria vê-la feliz, e isso, neste momento, significava estar com Afonso.Ele respirou fundo e, embora a dor ainda estivesse ali, ele sabia que tinha que deixar isso ir.— Fico feliz em saber que está bem. — Mike disse, seus olhos desviando para Afonso. — Você... você vai cuidar dela, né?Afonso olhou para ele, um olhar firme e sincero. Não havia rivalidade entre os dois naquele momento, apenas compreensão e, em certo sentido, uma quieta amizade.— Eu vou cuidar dela, Mike. Como sempre fiz. Não vou deixá-la sozinha em momento algum.Mike acenou, um leve sorriso nos lábios. Ele sabia que não havia mais nada a ser dito. Ele já havia feito
Afonso estava sentado ao lado de Melissa, segurando sua mão, quando a porta do quarto se abriu lentamente. O médico entrou, com um sorriso leve no rosto ao ver que Melissa estava acordada, embora ainda parecesse um pouco sonolenta. Ele caminhou até a cama, colocando sua prancheta ao lado de seu rosto enquanto analisava os sinais vitais da paciente.— Que bom ver você acordada, Melissa — disse o médico, sua voz cheia de alívio, mas também de cautela. Ele fez uma leve pausa ao olhar para Afonso. — Como se sente?Melissa tentou forçar um sorriso, mas sua fraqueza ainda era evidente.— Cansada..., mas melhor. — Ela respirou fundo, tentando se manter alerta. — Eu... estou viva, Afonso?Afonso apertou sua mão com mais força, seu olhar suave e terno.— Sim, Melissa. Você está viva. E agora, o mais importante, é que está segura. — Ele olhou para o médico, que estava começando a fazer algumas anotações no prontuário.O médico assentiu, satisfeito com a resposta, e então se voltou para Afonso.
Ele pegou o celular e fez uma ligação para o número da família de Cloé, preparando-se para enfrentar o inevitável. Não era uma ligação fácil. Ele sabia que, do outro lado, a dor viria em ondas, que seriam sentidas com intensidade e desespero. A notícia sobre a morte de Cloé provavelmente viria como um choque, uma realidade cruel demais para ser processada.Quando a ligação foi atendida, o som da voz do pai de Cloé do outro lado da linha era carregado de expectativa.— Alô, quem fala? — perguntou o homem, com a voz baixa e cautelosa.Tomasi respirou fundo antes de falar.— Sr. Alberto, aqui é o Tomasi. Eu estou no local do acidente. Tenho notícias sobre a sua filha... — Ele sentiu o nó na garganta. Falar aquelas palavras nunca seria fácil.Do outro lado da linha, houve um silêncio pesado. O pai de Cloé provavelmente estava esperando por algum tipo de atualização. Mas a gravidade da voz de Tomasi deixou claro que a situação não era boa.— O que aconteceu com ela? — A voz do pai de Cloé
O corpo de Cloé foi finalmente retirado do carro, agora completamente submerso, os bombeiros trabalhando com rapidez e precisão. Quando a água foi drenada do veículo e eles conseguiram retirá-la para a margem, a cena era ainda mais cruel do que qualquer um poderia imaginar. O corpo de Cloé estava imóvel, seus cabelos encharcados colados ao rosto pálido, e seus olhos, vazios e sem vida, pareciam refletir toda a dor de uma existência que ela escolheu viver até o fim.Ela estava presa ao cinto de segurança, como se tivesse se rendido completamente à morte, sem fazer esforço para tentar escapar, como se tivesse aceitado seu destino de uma maneira fatalista. Aquele gesto, ou a falta dele, era o reflexo do que ela havia se tornado — uma mulher consumida pela obsessão, pela raiva e pela vingança. Tudo o que ela queria era controlar, manipular, até que o controle finalmente se perdeu e ela se viu sozinha, em um fim irreversível.Os bombeiros começaram a cortar o cinto com a mesma precisão que
Ele estava vivo! Tomasi o abraçou rapidamente, aliviado, mas sem perder tempo.Afonso acordou com um sobressalto, o coração disparado e a respiração difícil. Ele sentia o peso do corpo cansado, mas não conseguia entender direito onde estava. Seu corpo estava gelado, molhado da cabeça aos pés, e o ambiente ao seu redor parecia confuso. O som do vento e da água ao longe misturava-se com o som abafado de sua própria respiração.Quando ele abriu os olhos, o primeiro rosto que viu foi o de Tomasi, que estava ao seu lado, com expressão grave e exausta. Afonso tentou se levantar, mas sentiu a cabeça girar e imediatamente se apoiou em Tomasi.— Onde... onde está a Cloé? — A voz de Afonso saiu rouca, ainda falha e cheia de pânico.Tomasi balançou a cabeça lentamente, sinalizando que não havia boas notícias.— Afonso... — Tomasi disse, com a voz tensa e firme. — Ela ficou dentro do carro. Eu... eu a deixei para salvar você primeiro. Eu não tinha tempo para pegar os dois.Afonso sentiu uma sensa
Afonso sentiu um alívio imediato quando viu que Cloé estava começando a baixar a guarda, seus olhos cheios de incerteza e emoção. Ele havia conseguido. Ela estava desarmada, vulnerável. A tensão que dominava o carro, o medo de ser descoberto, começava a se dissipar, e ele sentia que finalmente havia conquistado o controle da situação. Ou pelo menos, isso era o que ele queria acreditar.Mas, no instante seguinte, algo aconteceu que cortou esse alívio como uma faca afiada.Cloé, com a expressão ainda tensa, olhou para o espelho retrovisor. Seus olhos se estreitaram, e a expressão em seu rosto se transformou, como se algo dentro dela tivesse mudado. Ela viu o carro de Tomasi. O mesmo carro que a seguia, ainda à distância, mas claramente em movimento, confirmando que ele não havia parado, como ela pensava.A mudança foi instantânea. A raiva tomou conta dela de maneira avassaladora, visível nas veias que pulsavam no pescoço e nas mãos que se cerraram em punhos. Seus olhos, antes marejados
Último capítulo