Inicio / Romance / Casamento por contrato com meu ex / Capítulo 6 - Dante Vasconcellos
Capítulo 6 - Dante Vasconcellos

Nunca fui surpreendido facilmente e olha que já estive em situações constrangedoras ou particularmente preocupantes. Já lidei com acionistas furiosos, modelos chorando por atenção, brigas, escoltas, reviravoltas inusitadas.

Mas nenhuma dessas experiências me preparou para o que eu poderia sentir quando reencontrasse Isabella Mendes. Talvez porque eu nunca considerei reencontrá-la. Mas aqui estamos.

Os olhos dela ainda têm o mesmo brilho feroz de que eu me lembrava, os cílios longos lhe conferindo um aspecto delicado e feminino, contrastando com o misto de choque e algo mais, algo muito parecido com ódio.

Bella se desvencilha do meu toque e finalmente presto atenção no que ela veste. Um uniforme preto com uma bandeja a tiracolo, os dedos segurando o metal com força.

Não era impossível prever que algo assim pudesse acontecer, mas era difícil assimilar a imagem da garota mimada que conheci, trabalhando como garçonete.

— Bella? — O nome escapa da minha boca outra vez sem meu controle.

Ela pisca, os lábios se apertam em uma linha fina, claramente irritada por me ver.

— Senhor Vasconcellos — ela diz. Consegue mascarar bem o ranço que o nome deixa em sua boca com um tom profissional e impessoal, como se eu fosse apenas mais um convidado e não seu ex-namorado.

— Se-senhor Vasconcellos? É sério isso? Senhor é meu avô, Bella, pelo amor de deus.

Ela endireita os ombros, se recompondo.

— Estou trabalhando e você está no meu caminho, o banheiro fica para o outro lado.

Levo um segundo para processar sua frieza. Subitamente ciente demais de que a Bella que conheci um dia era atrevida, sim, cheia de vida, sorria com superioridade e amava ser o centro das atenções, mas também era quente, carinhosa e gentil.

Claro que ela havia mudado, depois de tudo o que passou. Um aperto toma meu peito, lembranças de quando terminamos, de quando ela garantiu que não poderia continuar comigo, mesmo que eu quisesse protegê-la, que quisesse acolher seu sofrimento e garantir que tudo ficaria bem.

Eu teria feito qualquer coisa para ajudá-la, não achava justo o que tinha acontecido com seu pai, mas não fazia diferença o que eu pensava. Ela simplesmente me cortou de sua vida, botou um ponto final em uma história que eu ainda estava escrevendo.

— Não te vejo há anos, será que a gente pode conversar?

Conversar sobre o quê eu não sei, parece até que sou um ventríloquo e tem alguém falando e decidindo as coisas por mim.

Algo no meu tom de voz parece desarmar Bella, porque ela respira fundo e cede por uma fração de segundos.

— Sinto muito, eu preciso trabalhar, Dante.

Ela tenta passar por mim, mas me movo rápido e bloqueio sua saída com o corpo, fazendo com que ela quase esbarre no meu peito outra vez.

— Não precisa ser hoje, pode ser outro dia, eu só… eu queria…

Um encerramento? Uma chance? Deus no que estou pensando? Nada faz sentido.

O silêncio entre nós se estende por alguns segundos, me enchendo de esperanças. Talvez ela se sentisse tão descompensada quanto eu, o coração martelando no peito, o ar faltando nos pulmões.

Ela parece decidir se vale a pena gastar mais energia discutindo comigo e, no fim, apenas solta um suspiro cansado.

— Não acho que seja uma boa ideia e eu ando sem tempo, agora se puder me dar licença, eu preciso mesmo voltar ao trabalho.

Eu preciso deixá-la ir, eu sei disso. Mas por que é tão difícil assim dar um passo para o lado e permitir que ela siga seu caminho?

Ela tenta passar por mim de novo e, dessa vez, não a impeço. Apenas a observo se afastar, sentindo algo novo e dolorido crescendo dentro de mim.

Arrependimento.

Já deixei ela partir no passado e agora estou deixando isso acontecer de novo.

Num surto de adrenalina, corro atrás dela, tentando alcançá-la antes que ela atravesse uma porta restrita apenas para funcionários.

— Bella, volta aqui — tento chamar.

Ela se vira me direcionando um olhar furioso. Outros garçons param o que estão fazendo para me avaliar, mas logo o supervisor chama a atenção de todos de volta ao trabalho.

— Você não deveria estar aqui — o homem diz já segurando meu ombro e me conduzindo porta afora.

— Eu sei, eu só preciso…

— Porque não volta para o salão, logo alguém vai servi-lo, senhor. Tem algum pedido especial? Um whisky duplo talvez?

— Eu só preciso de um minutinho…

— Alguém fez algo errado? — Ele interrompe. — Quer formalizar uma reclamação?

— O quê? Não, não é isso, preciso só de um minutinho pra…

— Aposto que você tem todo tempo do mundo, garotão. — Interrompe outra vez. — Mas, meus funcionários, não, preciso garantir que o serviço não seja comprometido.

Já estamos no meio do corredor e eu sei que, agora que Bella sabe que estou aqui, fará de tudo para me evitar e eu acabo de perder minha chance.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP