CAPÍTULO BÔNUS- VICTOR|PARTE 2
Meu pai nunca entra em uma sala sem levar o peso do mundo junto.
Ele não bateu à porta. Nunca bate. Apenas abriu, caminhou alguns passos para dentro do meu escritório e ficou ali, de pé, como se aquele espaço ainda fosse dele — mesmo depois de tudo. Mesmo depois de eu ter assumido o cargo que ele ocupou por décadas. Mesmo depois de ter sido empurrado para fora do centro de decisões sem jamais admitir que aquilo fora uma derrota.
— Precisamos acelerar a expansão internacional — disse, sem preâmbulos, sem sequer me olhar nos olhos. — Marketing, imagem, posicionamento. Tudo. Essa semana não pode passar.
Levantei o olhar devagar, já sentindo o maxilar travar.
— Eu já estou trabalhando nisso — respondi, controlado. — Esse tipo de coisa não se faz no impulso.
Ele finalmente me encarou. O mesmo olhar crítico de sempre. Avaliador. Exigente. Como se eu ainda tivesse dezessete anos e estivesse prestes a decepcioná-lo.
— Impulso é perder tempo — rebateu. — O