A porta da frente se abriu de repente, batendo contra a parede em um estrondo seco que se misturou ao rugido distante dos trovões. O vento frio entrou como uma lufada cortante, carregando consigo o cheiro intenso de terra molhada e o som da chuva castigando o telhado e a varanda. O ar dentro da casa pareceu mudar de temperatura, trazendo uma umidade pesada que grudava na pele.
Lila surgiu no batente como se fosse parte da tempestade. O vestido branco, antes leve e fluido, estava agora colado ao corpo como uma segunda pele, revelando cada curva, cada linha do contorno feminino. A água escorria pelos cabelos loiros, os fios longos colavam nas bochechas ruborizadas, fruto tanto da corrida quanto da mistura de raiva e adrenalina que ainda queimava por dentro. Seus passos eram rápidos, quase impacientes, deixando um rastro de marcas molhadas no piso de madeira da sala.<