A sala estava envolta num calor denso, não apenas o calor físico que vinha da lareira, mas aquele calor invisível que nasce de olhares que se evitam, de palavras engolidas e de provocações que ainda ardem na pele. O cheiro da cachaça artesanal de Dona Severina se misturava ao aroma de madeira queimada e ao perfume leve de sabonete, creme e suor limpo que cada um carregava. A garrafa repousava quase vazia sobre a mesa de centro, inclinada como uma testemunha silenciosa dos excessos da noite. Ao redor dela, os copinhos esquecidos sobre o tapete pareciam pequenos troféus de uma disputa que não tinha vencedor definido, pelo menos, não ainda.
Catarina já tinha se rendido de corpo e alma à embriaguez. O coque alto que antes segurava seus cabelos estava caindo, e alguns fios úmidos colavam-se à testa por causa