O som ritmado dos cascos de Trovoada ecoava pelo terreiro da fazenda como um prenúncio inevitável. Era um compasso grave, profundo, que parecia trazer em cada batida a antecipação de algo que não podia mais ser contido. O cavalo, com o pelo castanho escuro já úmido de suor, brilhava sob a luz prateada da lua que se erguia alta no céu límpido. O vento, vindo do campo aberto, trazia consigo o cheiro da terra revolvida, da madeira úmida e de flores noturnas que exalavam perfumes discretos. Havia uma densidade no ar, quase sufocante, como se a noite guardasse segredos pesados demais para serem revelados de uma vez.
Maurício puxou as rédeas com firmeza, deixando que Trovoada diminuísse o ritmo aos poucos. Seu coração ainda estava acelerado, martelando contra o peito com a mesma força de