Até que algo prendeu o olhar de Camélia: na lateral da costela dele, marcado na pele, havia um triskele. O símbolo a atraiu de um jeito inexplicável, arrepiando sua pele. Kael percebeu.
— Tá gostando do que tá vendo, lobinha? — provocou, puxando a calça.O rosto de Camélia ardeu. Ele era lindo. Um perigo. Ela tentou conter a fome que crescia dentro de si, mas falhou. Kael sentiu.O cheiro de Tânia chegou como um soco. Instintivamente, seu cheiro se espalhou, sobrepondo o da outra. Reivindicando.Kael congelou. Os olhos se fecharam por um segundo, os punhos cerrados ao lado do corpo. Quando os abriu de novo, estavam em chamas.— Camélia… se continuar fazendo isso, eu não vou conseguir responder por mim.Ela deveria parar. Mas não queria.— Então não responde.O mundo parou.Kael avançou. Os corpos colidiram. O beijo veio intenso, urgente, como se o tempo tivesse cobrado por cada segundo de distância. CamOs dedos dele traçavam caminhos preguiçosos pela pele nua de sua cintura, desenhando círculos invisíveis, como se estivesse tentando acalmá-la. Mas Camélia não conseguia relaxar completamente. O prazer ainda pulsava em seu corpo, mas sua mente não silenciava. Kael percebeu. Ele ergueu a cabeça levemente, apoiando-se no cotovelo, e a observou. — Você quer falar o que está passando na sua cabeça ou vai tentar fugir disso? — Sua voz saiu baixa, preguiçosa, mas atenta. Camélia desviou o olhar para o teto, mordendo o lábio. — Eu só... — Ela umedeceu os lábios, hesitante. — Eu só estava pensando sobre tudo isso. O vínculo, nós dois, o que aconteceu... e sobre ela. Kael ficou em silêncio por um momento antes de se mover para sentar-se na cama, os músculos ainda tensos pelo desejo que não se dissipava completamente. — Você ainda acha
Camélia afundou o rosto nas mãos, ansiosa e agitada. — Eu não acredito que isso tá acontecendo. Kael deslizou a mão por suas costas, acariciando sua pele nua com a ponta dos dedos. — Relaxa, lobinha. Minha mãe vai gostar de você. Ela se virou para encará-lo, olhos semicerrados. — Não é essa a questão! Ele sorriu, puxando-a para um beijo rápido antes de roçar o nariz no dela. — Vamos. Melhor enfrentar isso de uma vez. Camélia respirou fundo e aceitou a mão dele, sentindo o coração disparado conforme desciam as escadas. Kael e Camélia desciam as escadas lado a lado. Ele mantinha a mão na cintura dela, um gesto possessivo e protetor ao mesmo tempo. Mas Camélia sentia o estômago revirar de nervoso. — Você tem certeza de que sua mãe não vai querer me matar? — murmurou baixinho, lançando um olhar de canto para
Depois de terminar o banho e se vestir, sentou-se na beira da cama, pegando a toalha para secar os cabelos. O reflexo no espelho mostrava alguém diferente daquela que chegou a Serra dos Riachos dias atrás. Então, o celular vibrou ao seu lado. 📱 Kael: "O que acha de sairmos hoje? Quero te levar para um lugar." Ela sentiu um sorriso escapar antes mesmo de perceber. 📱 Camélia: "Isso é um encontro?" 📱 Kael: "Isso é eu te sequestrando por algumas horas. Se quiser chamar de encontro, tudo bem." 📱 Camélia: "Eu poderia recusar?" 📱 Kael: "Poderia. Mas nós dois sabemos que não vai." Ela revirou os olhos, mas sentiu seu coração acelerar. O que quer que fosse aquilo entre eles, já havia sido decidido. E, para sua surpresa, ela queria ver onde aquilo os levaria. Quando Camélia desceu as escadas, sentiu o cheiro de café fresco e pão quente se misturando ao leve aroma de papel que ainda impregnava o ambiente. Sua família estava reunida à mesa. Cauã estava distraído comend
O desejo era palpável, quase insuportável. Kael puxou Camélia para mais perto, as mãos deslizando pela curva de sua cintura até pousarem com firmeza em sua bunda. O aperto foi possessivo, quente, arrancando dela um suspiro entrecortado. — Você não presta, Braga — ela sussurrou, mordendo o lábio inferior dele antes de capturar sua boca novamente em um beijo faminto. Kael rosnou baixo, puxando-a contra si, sentindo os corpos se encaixarem como se fossem feitos um para o outro. As mãos dele subiram devagar, explorando suas costas nuas, traçando sua pele quente com os dedos calejados. Camélia arfou quando sentiu a ereção dele pressionando sua barriga, e um sorriso atrevido se formou em seus lábios. — Se continuar me provocando desse jeito, lobinha… — Kael começou, a voz rouca e carregada de desejo. — O quê? — ela provocou, deslizando os lábios pelo maxilar dele, arranhando de leve a pele com os dentes. — Vai perder o controle? Ele segurou seu rosto com ambas as mãos e roçou o n
A casa de Kael foi esvaziando aos poucos. Primeiro Ricardo, depois os avós de Camélia, seguidos por Flor, Gustavo e Cauã. Ithan foi o último a sair, não sem antes lançar um olhar sugestivo para o irmão e revirar os olhos com diversão. — Não faz besteira, Alfa. — Ithan provocou antes de fechar a porta atrás de si. Kael bufou, balançando a cabeça, mas não respondeu. Seus olhos logo se voltaram para Camélia, que ainda estava sentada no sofá, a mente claramente distante. Ele não queria que ela fosse embora ainda. — Fica mais um pouco. — A voz dele saiu baixa, mas carregada de algo que fez Camélia erguer o olhar de imediato. Seus olhos cinza encontraram o dourado intenso de Kael, e por um instante, ela soube que ele precisava dela ali. — Tá tudo bem? — Ela perguntou, observando a tensão na expressão dele. Kael passou uma mão pelos cabelos, soltando um suspiro pesado antes de se sentar ao lado dela. — Eu não sei. — Ele admitiu. — Eu passei a vida inteira acreditando que eu e
O gabinete de Kael era amplo e rústico, com móveis de madeira escura e mapas espalhados pela mesa. Livros antigos sobre a história da matilha estavam empilhados em um canto, e a luz fraca da luminária lançava sombras longas pelas paredes. Tânia estava sentada na poltrona de frente para Kael, os braços cruzados, a expressão tensa. Azíria permanecia encostada na parede, observando tudo com aquele olhar distante e atento de quem sempre sabia mais do que dizia. Kael respirou fundo antes de começar. — A gente precisa conversar sobre Bianca. Tânia arqueou uma sobrancelha, o olhar se tornando desconfiado. — O que tem ela? Kael apoiou os cotovelos na mesa, mantendo a voz firme, mas controlada. — Eu acredito que ela esteja te manipulando. Desde o começo. Tânia soltou um riso curto, sem humor. — Você só pode estar brincando. — Não estou. — Kael respondeu sem hesitar. — Você já parou para pensar em como, desde sempre, ela esteve ao seu lado reforçando essa ideia da g
As luzes do festival reluziam no reflexo dos olhos afiados de Tânia. As barracas enfeitadas, a música e o aroma doce de especiarias pairando no ar pareciam insignificantes diante da cena à sua frente. Kael e Camélia caminhavam lado a lado. Os sorrisos eram sutis, mas naturais demais, confortáveis demais. O estômago de Tânia revirou. Merda. Ela sentiu antes mesmo de processar. Aquela pontada incômoda, aquele aperto quente dentro do peito. Algo que não deveria sentir. E Bianca percebeu. — Tá te incomodando? — A voz de Bianca deslizou como um fio de veneno macio, cheia de doçura falsa. O dom dela se espalhou no ar. Sutil, insistente. Mas Tânia já esperava por isso. Ela fingiu ceder, fingiu deixar a raiva crescer e atravessou o festival sem hesitar, indo direto até Kael e Camélia. A cidade assistiu. O Conflito Público — Então é isso, Kael? — A voz de Tânia cortou o espaço entre eles como um chicote. O movimento ao redor desacelerou. Murmúrios surgiram, olhares se volt
Cauã ainda sentia o corpo inquieto quando entrou em casa e se jogou no sofá, tentando ignorar a onda de sensações conflitantes que o sacudiam por dentro. Seu coração ainda batia mais rápido do que o normal, e a respiração saía curta, como se ele tivesse corrido quilômetros. Foi assim que Camélia o encontrou, entrando silenciosa na sala iluminada apenas pelo abajur perto do sofá. — Você parece perdido — ela comentou, sentando-se ao lado dele com um suspiro suave. Cauã piscou, como se só então notasse sua presença. Ele passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais, e se encostou no braço do sofá, olhando para o teto como se buscasse respostas nas tramas da textura. — Não tô perdido. Só… pensando — murmurou, a voz entrecortada pela tensão. Camélia arqueou uma sobrancelha, desconfiada. O canto de sua boca se curvou num meio sorriso. — Desde quando você pensa tanto assim depois de uma festa?<