Alex
A luz da manhã atravessa a cortina fina do apart-hotel e se espalha pelo quarto, criando faixas douradas sobre o chão frio. O cheiro leve de maresia entra pela janela entreaberta, misturado ao perfume amadeirado que ficou impregnado nos lençóis — o perfume dele.
Abro os olhos devagar.
O corpo dói como se tivesse sido interrompido no meio de um sonho quente, longo, cansado. A primeira sensação que me atinge é um peso profundo no estômago, um enjoo que sobe súbito, quente, como maré subindo rápido demais.
Sento-me na beira da cama, levando a mão à boca.
O quarto gira.
A náusea aperta.
Engulo seco.
Não é a primeira vez.
E, no fundo, eu sei.
Eu sabia desde a manhã anterior, talvez até antes.
Mas admitir é diferente de sentir.
Respiro fundo e olho para trás.
Sean está deitado de lado, o braço estendido ocupando metade do colchão. O lençol amassado cobre apenas o quadril dele. O peito está exposto, marcado por arranhões meus. O cabelo bagunçado, caindo sobre a testa. Ele dorme como se