Com uma condição rara (acromatopsia) que a faz enxergar o mundo em preto e branco, Esther tenta focar sua atenção entre um potencial tratamento experimental e o colegial, mas seu melhor amigo desaparece sem deixar rastros, colocando-a diante de um inquietante mistério. Ainda nessa maré de acontecimentos estranhos, um novo aluno ingressa na instituição Nova Republica e uma aproximação entre os dois é inevitável.
Leer másEsther acordou com uma luz clara que ia diretamente em seus olhos, como da última vez que esteve no hospital. Ela sabia estar em um, mas qual era realmente o motivo? Ela não se recordava muito bem do que acabara de acontecer. Estava confusa. As informações vinham em sua cabeça devagar, em flashes, fazendo-a se lembrar aos poucos do acontecimento que parecia um vago pesadelo.Ela despertou totalmente. Retomando a consciência. Esther segurou a gelada haste de metal da cama do hospital. Apertando-a. Ela estava ligada ao soro. Uma leve dor de cabeça podia ser sentida, até mesmo se virasse seu corpo para o lado. Suas mãos estavam manchadas de sangue. Sangue coagulado, vermelho vivo, e não era dela. Aquela cor que para ela parecia lembrar o amor, sorrateiramente a levava a associar com a desgraça que acabara de acontecer. Vermelho causava dor. — Fogueira! Cadê o Fogueira? — Esther se bateu na cama, assustada, olhando para todos os lados.Havia uma enfermeira no quarto hospit
A CASA Eles entraram na rua Dr. Sales e foram direto para a casa de Fernando. Fazendo o mesmo esquema. Assim que chegaram, deixaram suas bicicletas ao lado e pegaram a chave secreta novamente. — Não ligue a luz. Não vamos chamar atenção. — Fogueira disse, quando Esther já estava prestes a acionar o botão da luz da sala. — Vamos usar a lanterna do celular.— Ah! Que burra eu sou... Está bem. — Esther respondeu, puxando seu celular do bolso e ligando a lanterna. A casa estava muito escura, mas nada que pudesse limitar a locomoção deles.— Eu não estou vendo estas caixas. — Esther disse para Fogueira, olhando para todos os cantos.— Talvez esteja no porão. — Ele sugeriu, indo até à cozinha. — Esther. Vem aqui! — Ele completou. Sua voz saiu firme e séria. — O que foi? — Ela chegou atrás dele, receosa.— Há galões com gasolina. São mais de trinta litros. — Ele falou, iluminando os galões que estavam pelo chão.— Para quê tanta g
Esther estava muito preocupada ao descobrir que seu amigo havia caído nas mãos de algum criminoso sujo e corrupto. Ela estava a ponto de tirar esta história a limpo, mas precisava ser cautelosa. Precisava manter sua integridade.Fogueira alertou a Esther para não envolver a polícia até ter provas suficientes dos fatos que descobriram, mas estavam prontos para acionar a polícia militar estadual, assim que encontrassem o responsável por tudo.Todas as informações levavam a um suspeito: Toupeira. O policial que estava envolvido com o esquema de tráfico na cidade. De alguma maneira, ele encobria os outros. Era o que Esther percebera naquele momento. — Você está na frente deste computador há um bom tempo. — Jéssica afirmou, ao chegar no quarto da filha. Esther estava fazendo pesquisas na web, a fim de descobrir mais alguma pista das histórias que cada vez se juntavam em uma única.— Eu já terminei. É um trabalho do colégio. — Ela disse, fechando rapidamente a aba que est
A CASA DE SHOW O sinal do colégio tocou, alertando os alunos sobre o intervalo. Esther e Elis se encaminhavam até a praça de alimentação, que já estava cheia de estudantes por todas as partes.Elas procuraram um lugar para sentar e fizeram isso, quando localizaram uma mesa livre no canto do grande salão, junto a uma janela — Você deveria me deixar mais informada sobre sua relação com o Fogueira. — Elis disse, colocando sua mochila sobre a mesa e retirando seu lanche que trouxe de sua casa. Era um suculento e saudável sanduíche de frango.— Sabe. Eu estou deixando as coisas fluírem. — Esther disse, também pegando seu lanche. — Acho que você está cansada desse papo de "deixar as coisas fluírem".— Pode ter certeza que sim. Acho que já fluiu o bastante. Parte para o plano "amasso".— O quê? Você pirou? Ele é diferente. — Esther defende o respeito admirável de Fogueira. — Tô brincando. Cuidado para não perder a vez. — Ela fez uma brincade
Esther e Fogueira, ainda que não soubessem, ou talvez não tenham percebido tão prontamente, suas histórias estavam, agora, ligadas. O destino de fato pode não existir, mas este de alguma maneira precisava uni-los para o propósito que estava prestes a acontecer. O parque estava um pouco vazio, no ápice do sol das duas da tarde, mas era fresco. Poucas pessoas faziam exercícios e passeavam por ali. Algumas optaram por descansar à sombra de uma árvore para ler um bom livro. Esther estendeu uma toalha no gramado, debaixo de uma árvore ipê-rosa, e se deitou, olhando para o contraste daquelas coisas ao seu redor. O rosa se destacava sobre o azul ciano do céu. Os pássaros cantavam e ela estava devagar e inevitavelmente entrando em um estado de relaxamento profundo ao ponto de adormecer. A leve brisa que passava derrubava as pétalas sobre seu corpo, em uma experiência cinematográfica para ela.Esther respirou profundamente e fechou seus olhos, ainda que ela tivesse feito o pro
OBSERVE O QUE O MUNDO MOSTRA Uma onda de frio naquela tarde indicava o início do que parecia um inverno rigoroso. Esther carregou sua mochila nas costas, enquanto pedalava tranquilamente até a biblioteca pública municipal. Assim que ela chegou no lugar, ela deixou sua bicicleta no espaço onde costuma repousá-la, e subiu as escadas, enquanto puxava o zíper da mochila e a abria. Ela retirou o velho livro e o folheou rapidamente antes de entrar na biblioteca, a fim de ver se não havia nada dentro que passou despercebido.A porta abriu, rangendo. Um cheiro familiar de livros e um ar tão gelado quanto do exterior, era notável no local. A bibliotecária olhou diretamente para a visita que acabara de atravessar a porta.— Boa tarde. — Esther disse, ao se aproximar do balcão da recepção.— Boa tarde, Esther. — A bibliotecária respondeu sorridente.— Desculpe. Mas eu nunca perguntei seu nome? — Esther indagou um pouco sem graça. Era estranho el
O reflexo na água era tão diferente. Era como se aquela parte, onde havia ondulações na superfície daquele lago, fosse a verdadeira face do rosto de Esther. O mundo que ela estava desbravando aos poucos, era demasiadamente desproporcional. Como se o acréscimo das cores mudasse radicalmente a forma das coisas. Mas a verdade era que seu cérebro se adaptava devagar àquele mundo. Era como se fosse entregue ao mundo de um deficiente auditivo. Pouco ele compreendia o que significava tais barulhos, que com o tempo, se encaixam em seus lugares. Pois, a vida é pura adaptação. E estamos moldados a este mundo particularmente nosso. Uma semana depois que Esther foi apresentada ao mundo em cores, ela retornou sua rotina. Colégio. Biblioteca. Amigos e um velho mistério, que deveria ser desvendado com cautela. Fogueira não recusou ajudá-la. Ele tinha uma essência que sabia o ponto certo de parar, se ela e
TRANSIÇÃO Depois de uma longa viagem de mais de onze horas, eles chegaram à Inglaterra e foram direto ao hospital. Este tinha uma espécie de hotel, o que poderia deixá-los confortavelmente bem, em um ambiente que não lembrava um hospital. Era ali que Esther passaria os dias com sua mãe e com o Fogueira. O Dr. Campbell os recebeu com empolgação, assim que chegaram à recepção do hospital. O ambiente parecia realmente uma espécie de hotel luxuoso. — Bem-vindos. Após um tour pelo gigantesco hospital, o Dr. Campbell os levou para um confortável quarto especial onde Esther e sua família poderiam ficar. — Esse é seu quarto. Ou melhor, algo parecido. — Ele brincou ao abrir a porta. — Muito obrigada