Thomas Narrando.
Emma sai da minha sala como se estivesse desfilando numa passarela. Como se não tivesse acabado de me rejeitar mais uma vez, com aquele sorriso debochado e aquele ar de quem acredita que está no controle de tudo.
Se ela soubesse... se ela tivesse noção de que eu não estou brincando, que metade dos meus problemas se resolveriam se ela simplesmente aceitasse ser a senhora Mitchell... talvez não levasse tudo tão na leveza. Talvez olhasse nos meus olhos e percebesse que eu falo sério, mesmo que esconda isso sob provocações e ironias.
O que Emma não sabe — e graças a Deus por isso — é que nosso laço vai muito além dessa convivência caótica no escritório. Ela e eu temos um passado. Um que ela não lembra. E por mais que isso me transforme no maldito canalha da história, eu ainda agradeço todos os dias por ela não se lembrar.
Porque fui eu.
Fui eu quem estava atrás daquele maldito volante há cinco anos.
Fui eu quem perdeu o controle, acelerou demais e causou o acident