LARA

O carro para diante do hangar privado. Do lado de fora, o mundo ainda gira em sua desordem elegante: seguranças discretos, atendentes com uniformes impecáveis, vento cortante que espalha folhas secas e arrepia a pele. Mas, aqui dentro, entre o banco de couro aquecido e a mão firme de Dorian entrelaçada à minha, tudo parece suspenso.

— Está tudo pronto — ele diz, com a voz baixa, enquanto olha para frente, como se planejasse nossa fuga com a precisão de um general em campo de guerra.

Assinto, mas não falo. O frio na barriga não tem a ver com a temperatura. Tem a ver com altitude. Com o céu. Com asas de metal que desafiam a gravidade.

Com o medo que ainda não me abandonou.

Subimos as escadas da aeronave como se cada degrau fosse uma prova de confiança. Quando entramos, o interior minimalista e elegante do jato particular me distrai por alguns segundos: os assentos em couro creme, a iluminação suave embutida nas laterais, uma pequena mesa com garrafa de vinho e frutas. Mas não é suf