O elevador se fecha atrás de Isadora e sinto um peso estranho no peito. Não é a ausência dela que incomoda, mas o que a presença dela provoca em mim: memórias fragmentadas, sensações que ainda não consigo identificar, mas que me puxam na direção dela. Respiro fundo e tento me convencer de que estou ali para trabalhar, que esse relatório precisa ser memorizado, mas a minha mente insiste em vaguear para o que aconteceu ontem à noite. Os beijos dela, o toque, a proximidade… tudo parece gravado na minha pele. Se eu soubesse que iria dormir com ela, se a noite seria assim, teria ficado em casa, insistido para que ficássemos juntos, teríamos feito algo só nosso, com Enrico perto, reconstruindo laços que a memória me roubou.
Chego ao andar do meu escritório, e o silêncio me envolve como uma cortina pesada. Olívia não está na sua mesa, tampouco Samuel. Fim de semana, ninguém além de mim naquele andar. A sala, tão familiar, parece estranhamente vazia. Tento me concentrar no computador, abr