O som do clique foi suave, quase imperceptível. Mas para Natália, soou como um trovão surdo.
A chamada havia terminado.
A tela escureceu. O reflexo de si mesma voltou a aparecer no monitor, agora sem a presença de Matteo. Sem os olhos verdes dele fixos nos dela. Sem sua voz grave atravessando as defesas que ela passou anos erguendo.
E então, veio o vazio.
Natália fechou lentamente o laptop, o som do fecho metálico soando como o fim de um capítulo. Sentada ali, no centro do quarto escurecido apenas pela luz fraca do abajur, ela permaneceu imóvel por alguns segundos. As mãos ainda repousavam no colo, os dedos trêmulos em cima do tecido do roupão.
Foi quando sentiu a primeira lágrima.
Escorreu sem permissão, quente, silenciosa, arrastando consigo lembranças, saudades, ausências.
Ela não chorava com facilidade. A mulher por trás de Perséfone aprendeu a endurecer, a calar as dores, a sorrir com os lábios e silenciar com os olhos. Mas agora… agora o peito parecia pequeno demais para conter