Chamada em andamento.
O ícone vermelho da conexão ainda tremeluzia no canto da tela, mas o que mantinha Perséfone ali não era mais a câmera. Nem o protocolo. Nem o papel que tantas vezes havia interpretado como escudo e armadura.
Ela estava ali. Despida por dentro.
Sentada diante da câmera, o roupão ainda amarrado ao corpo, os cabelos ruivos emoldurando o rosto agora mais suave, menos sedutor, mais humano. Mas era nos olhos… era ali que tudo havia mudado.
Os olhos verdes antes incendiados de luxúria estavam marejados por algo mais denso, mais profundo. Algo que Matteo sentiu atravessar a tela, sem que precisassem dizer uma só palavra.
E ele voltou.
Não mais o homem vestindo o manto de dominação, não o mesmo que surgirá para incitar, provocar e vencer num jogo de prazer. Matteo voltou com outra postura. Camiseta escura, os cabelos ainda levemente bagunçados, o olhar não mais de um predador, mas de um homem.
Um homem que trazia nas mãos, sem saber, as chaves de portas que Natália mantin