Vittoria Médici
As conversas começaram como quem não quer nada. Um comentário sobre um filme, outro sobre um trecho sublinhado num livro, uma música enviada tarde da noite que virava pretexto para mais três. Quando percebia, já eram duas da manhã e eu ainda estava rindo de uma piada ruim do Alejandro, “péssima”, eu dizia, enquanto salvava o áudio para ouvir de novo. A madrugada, antes tão silenciosa, passou a ter a voz dele. E a minha.
A confiança cresceu num terreno que parecia ter sido preparado há anos: ele me escutava com atenção de quem anota o que importa; eu devolvia com a coragem recém-descoberta de falar de medos, sonhos e do ridículo da vida. Às vezes, a ligação ficava muda por longos segundos, mas n&a