Nicole caminhava de um lado para o outro na varanda da casa, com os braços cruzados contra o peito, enquanto o vento da tarde bagunçava seus longos cabelos pretos. Seus olhos, normalmente cheios de brilho e vivacidade, estavam apagados, fixos em um ponto qualquer do horizonte. O céu, antes claro e sem nuvens, começava a escurecer lentamente com as promessas de um entardecer silencioso.
Ela estava inquieta. Algo dentro dela se revirava em presságios sombrios. Desde o início da manhã, seu pai não havia saído do quarto. Ela bateu na porta algumas vezes, preocupada, e a resposta que ouviu do outro lado foi seca, quase automática:
— Estou com dor de cabeça. Quero descansar.
Mas Nicole conhecia seu pai. Conhecia os tons da voz