A noite estava abafada quando Pablo e Nicole chegaram em casa. O jantar com os amigos tinha sido agradável em partes, mas para ele, havia algo que não se encaixava, uma espécie de dissonância invisível no ar. Desde o momento em que deixaram o restaurante, um aperto incômodo em seu peito se recusava a passar.
Um mal-estar sem nome.
A risada de Nicole no carro, as luzes da cidade, até mesmo o cheiro da comida, tudo parecia distante, envolto por uma névoa silenciosa que crescia dentro dele.
E Pablo sabia. Ele sempre soube quando algo não ia bem. Seu instinto era afiado demais, moldado à força pelas perdas e dores que a vida impôs cedo demais. Naquela noite, esse instinto gritava.