Emma Médici
O motor do carro estava ligado, mas nem o som eu escutava. Meus olhos estavam nele. Fixos. E, por mais que eu tentasse, não conseguia desviar.
Ele atravessava o estacionamento com aquele andar firme, imponente, o telefone colado ao ouvido, a expressão dura, intransponível. Um homem que parecia carregar o mundo nas mãos e, ao mesmo tempo, não permitir que absolutamente ninguém chegasse perto o suficiente para tocá-lo.
Meu filho.
O peito apertava de um jeito que parecia que ia rasgar. O nó na garganta subia, queimava, sufocava. E a única coisa que eu conseguia pensar era: “O que foi que eu fiz com você, meu amor? O que foi que nós fizemos?”
Porque, sim… a verdade era essa. Eu não estive lá. Eu não estive ao lado dele quando ele mais precisou.
Olhando pra ele agora… tão adulto, tão lindo, tão impecável no terno que parece ter sido moldado no corpo dele… só Deus sabia o quanto isso doía.
Mas o que me esmagava não era só vê-lo assim. Era lembrar. Lembrar de como tudo começou a