A manhã amanheceu com preguiça sobre os céus de Boston. O sol, tímido e opaco, tentava se infiltrar entre as nuvens e as cortinas pesadas da cobertura de Evan Médici, como se hesitasse em perturbar o silêncio denso que pairava naquele espaço. Havia algo pesado no ar, uma espécie de vazio recheado de lembranças, como se a noite anterior ainda sussurrasse nos cantos do apartamento.
Evan estava sentado à beira da cama há horas, talvez desde o momento em que o céu ainda era negro. O corpo curvado, os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto enterrado nas mãos. Sua respiração era lenta, mas carregada de tensão. Ele vestia apenas uma calça de pijama de tecido fino, mas o frio matinal parecia não atingi-lo. Havia um torpor diferente ocupando seu peito.
A marca do travesseiro ainda se desenhava em sua bochecha, denunciando que em algum momento havia tentado dormir, sem sucesso. Os olhos estavam fundos, as olheiras marcadas como cicatrizes emocionais. O cabelo, rebelde como ele, caía em desali