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capítulo 5 - O Primeiro Evento

apítulo 5 — O Primeiro Evento

A entrada no salão foi como atravessar outro mundo.

Lara sentiu imediatamente os olhares fixos nela, pesados e avaliadores. O vestido escolhido pelo estilista particular de Rafael encaixava-lhe no corpo como uma segunda pele. Era elegante, discreto, mas revelava curvas que ela sempre procurara esconder. Cada passo que dava ecoava nas mentes curiosas dos presentes, e Lara sentiu o coração disparar.

— Relaxa — murmurou Rafael ao lado dela, baixo, para que apenas ela ouvisse.

Ele estava impecável, como sempre: fato escuro ajustado, gravata perfeitamente alinhada, cabelo escuro penteado para trás, olhar firme e implacável. Lara podia sentir a presença dele antes mesmo de ouvir a voz. Um peso que a fazia encolher-se, mas ao mesmo tempo seguia-o por puro instinto de sobrevivência.

— Fácil para você dizer — respondeu ela, tentando soar confiante, mas a voz trémula traía o nervosismo.

— Apenas faça o que combinámos — disse Rafael, enquanto segurava ligeiramente a mão dela, o toque firme mas controlado. — Sorria. Olhe para as pessoas. Seja encantadora.

Lara sentiu o calor do toque subir-lhe pelo braço. Era subtil, quase imperceptível para quem estivesse a observar, mas suficiente para deixá-la consciente de cada movimento.

O salão era grande, decorado com cristais cintilantes e candelabros dourados. Investidores, parceiros de negócios e figuras importantes circulavam, cumprimentando-se com sorrisos medidos. E no meio de toda aquela multidão, Rafael caminhava ao lado dela como se fosse uma extensão da própria sala: seguro, dominante, impossível de ignorar.

— Boa noite, Lara — disse, com a voz baixa, inclinando-se ligeiramente, enquanto a mão se afastava da dela apenas alguns centímetros. — Lembre-se: presença, postura, nada mais.

— Estou a tentar — respondeu ela, tentando respirar com calma. — Mas sinto-me… como uma marioneta.

— Não como uma marioneta — corrigiu ele, aproximando-se apenas o suficiente para que o perfume masculino lhe chegasse. — Como uma rainha que sabe o seu lugar.

O evento começou oficialmente. Lara cumprimentou os presentes, sorrindo, mantendo o corpo firme apesar do turbilhão dentro dela. Cada gesto de Rafael era uma lembrança do contrato que assinara: a mão que pousava ligeiramente sobre a cintura dela, o olhar que indicava como se comportar, o tom de voz que cortava qualquer hesitação.

— Ela é impressionante — comentou um investidor ao passar.

— Sim — respondeu Rafael, olhando-a de relance, mas com uma firmeza quase possessiva. — E sabe exatamente como se portar.

Lara sentiu uma mistura de orgulho e desconforto. Estava a desempenhar o papel perfeitamente, mas cada elogio ecoava-lhe na mente como uma lembrança de que estava a perder parte de si mesma a cada passo.

Durante o jantar, Rafael mantinha-se sempre ao lado dela, discretamente controlando tudo: os cumprimentos, a direção do olhar, a forma como ela segurava o copo de vinho. Lara começou a perceber que não era apenas um acordo; era uma dança silenciosa de poder.

— Está a conseguir — murmurou ele quando ela hesitou a responder a uma pergunta de um convidado.

— Sim, senhor — respondeu, um pouco sarcástica, mas sem quebrar a postura.

O olhar dele percorreu-a lentamente, avaliando cada gesto. Lara sentiu-se exposta, vulnerável, mas também… estranhamente viva.

Mais tarde, na varanda, afastados da multidão, Rafael aproximou-se novamente.

— Está a sentir isso, não está? — perguntou, a voz grave.

— O quê? — respondeu ela, fingindo naturalidade.

— O que este contrato faz a você — disse ele, encostando-se ligeiramente à balaustrada, olhando-a com intensidade. — E que não posso deixar que perceba totalmente.

— Você gosta de me ver assim — murmurou Lara, finalmente deixando escapar a frustração.

— Gosto de ver a realidade — respondeu Rafael, aproximando-se até que ela pudesse sentir a sua presença sem sombra de dúvida. O braço dele quase tocou o dela, mas parou intencionalmente a centímetros, provocando um efeito maior do que qualquer contacto direto.

Lara respirou fundo. Cada gesto dele a deixava dividida entre medo, raiva e uma atração que não queria admitir.

— Amanhã há outra reunião — disse ele, quebrando o silêncio. — Quero que se lembre: o mundo inteiro vai vê-la como minha esposa.

— Já estou a lembrar-me bem demais — murmurou ela, desviando o olhar, mas sentindo-se hipnotizada pela postura firme e pelo olhar escuro que parecia perfurar a alma dela.

O jantar terminou, e os convidados foram-se retirando. Lara sentiu finalmente um momento de alívio, mas antes que pudesse relaxar, Rafael aproximou-se.

— Vamos subir — disse ele. — Preciso que esteja pronta para amanhã.

Ela assentiu, sem palavras. Cada passo em direção à casa parecia pesar mais do que o anterior.

Quando entraram, Rafael manteve-se próximo, observando-a, e Lara percebeu que aquele contrato não era apenas papel. Era presença, toque, olhar, e cada segundo com ele redefinia o espaço que ela julgava próprio.

— Boa noite, esposa — murmurou ele, ao fechar a porta do quarto.

Ela engoliu em seco, sentindo o coração disparar.

— Boa noite… — respondeu, quase sussurrando, consciente de que nada seria como antes.

E naquele instante, Lara percebeu que o contrato não tinha apenas regras legais. Tinha mãos, olhar, respiração, tensão. E isso era impossível de ignorar.

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