Capítulo 8 — O Que Não Pode Ser Desfeito
Lara não conseguiu dormir.
A mensagem continuava ali, imóvel no ecrã do telemóvel, como uma ameaça silenciosa.
“Sei que não casaste por amor.”
Não havia assinatura. Não havia número conhecido. Apenas a certeza de que alguém estava a observar. E a saber mais do que devia.
— Quem foi? — perguntou Rafael, sem se virar, enquanto servia café na cozinha, como se o mundo estivesse perfeitamente sob controlo.
— Não sei — respondeu Lara. — Mas não é um palpite. É alguém que tem certezas.
Ele pousou a chávena com calma excessiva.
— Então não foi a família — concluiu. — Ainda.
— Disseste “ainda”.
— Porque isto era inevitável — respondeu ele, finalmente olhando para ela. — Casamentos feitos por necessidade deixam rastos.
Lara sentiu um arrepio.
— Não quero que isto se torne um jogo de ameaças.
— Já é — disse Rafael. — A diferença é que eu sei jogar.
O telefone dele tocou. Ele atendeu de imediato.
— Fala.
Uma pausa curta.
— Não. Não mexa ainda. Quero saber