BRANCA
Acordo com um susto por causa de um grito estridente.
— Quem é você e o que faz na minha cama, rapariga?
Acho que nunca ouvi alguém usando a palavra rapariga. É engraçado.
Meio sonolenta, encaro a pessoa na minha frente, enrolada no lençol como se eu fosse violá-la. Voz fina, esse jeitinho de virar a mão.
Um sorriso escapa do meu rosto ao acreditar que a reconheci.
— Flor?
Ela aponta o dedo para mim, acusadora.
— Como me conhece? Quem é você?
Bingo. É a personalidade feminina.
— É uma longa história.
Ele/ela olha de mim para o seu corpo nu enrolado apenas no lençol.
— Você... você tocou em mim? — sua voz é uma mistura de nojo e pavor. — Oh god! Diz que não.
— Em você não — ela começa a mostrar alivio —, no Florian. Toquei muito no Florian, e ele gostou — provoco.
Achei que seria estranho lidar com essa personalidade, mas a verdade é que sinto que será divertido.
Ela simula ânsia de vômito e aponta novamente na minha direção.
— Que nojo! Sai daqui. Sai do meu quarto, sua pirigue