Após um mês, você entra na sala exatamente no horário marcado. Dr. Rafael Miranda está de costas, anotando algo no prontuário eletrônico. Jaleco impecável, estetoscópio no pescoço, cabelos pretos um pouco maiores, dessa vez. Ele está deixando crescer?, você pensa.
Ele nem se vira quando fala:
— Boa tarde, linda. Pode fechar a porta.
Você obedece em silêncio. A saia sobe até a cintura, você fica completamente exposta. O coração começa batendo descompassado.
Ele se vira devagar, encosta a caneta na mesa, cruza os braços. O olhar azul percorre você inteira, como se estivesse lendo cada centímetro de pele por baixo da roupa.
— Hoje vamos iniciar um protocolo novo — ele começa, voz calma, didática, quase acadêmica. — Chama-se estimulação neuromuscular transcutânea associada a eletrodo intracavitário. Em termos simples: vamos usar correntes elétricas de baixa intensidade para reeducar o assoalho pélvico que, nas últimas consultas, apresentou hipertonia e resposta exagerada ao toque. O ob