A mansão estava em silêncio, mas dentro de Camila havia um furacão.
As palavras de Beatriz ecoavam em sua mente como uma sentença cruel:
— Você não passa de um ventre alugado. Nunca se esqueça disso.
Aquela tarde tinha sido um desfile de humilhações. Durante um almoço formal, Beatriz fizera questão de expor Camila diante de convidados, insinuando que ela era apenas “um investimento temporário” da família Monteiro. Risos discretos percorreram a mesa, e Camila engoliu cada lágrima com o gosto amargo da impotência.
Agora, no quarto silencioso, ela se abraçava a si mesma. O bebê, ainda pequeno, já era alvo de disputas e veneno social.
Ricardo caminhava pelo corredor da mansão, inquieto. Já não conseguia suportar o espetáculo que Beatriz montava todos os dias às custas de Camila. Vira o olhar da jovem no jantar: um misto de dor, vergonha e solidão. Aquilo o consumia.
Quando percebeu, já estava diante da porta do quarto dela. Por um instante, hesitou. Mas o som abafado de um soluço o atrave