Os dias em Santa Clara começaram a ter cheiro de café fresco e de esperança.
A vida parecia ter desacelerado para permitir que o amor, enfim, respirasse.
Camila acordava com o canto dos pássaros, o bebê rindo entre os lençóis, e o som distante de Ricardo cortando lenha nos fundos do chalé.
Era uma rotina simples.
Mas, para ela, era tudo o que sempre quis.
Depois de tantas noites sem dormir, o riso do filho se tornara a melodia que embalava sua alma.
Ela o observava brincar no tapete, os olhos curiosos, a mesma expressão de Ricardo quando tentava decifrar o mundo.
Ricardo, por sua vez, havia se transformado.
O homem que antes carregava o peso do passado agora parecia aprender a ser leve.
Cuidava do chalé, escrevia em um velho caderno e, às vezes, apenas observava Camila, em silêncio, como se quisesse guardar cada gesto dela na memória.
Mas o amor — esse amor deles — nunca vinha sem sombra.
Naquela tarde, o vento trouxe consigo o cheiro da chuva.
Camila fechou as janelas do quarto e par