O sol da manhã atravessava as frestas da cortina como uma sentença cruel. Dominic sentia o quarto girar mesmo de olhos fechados, a cabeça latejando em um compasso torturante, zombando de cada gole de uísque da noite anterior. Seu rosto afundava no travesseiro, abafando os gemidos baixos que escapavam cada vez que tentava se mover.
Odiava beber tanto em plena quinta-feira. Ainda mais quando o resultado era uma ressaca acompanhada de conversas filosóficas com Lucca e lembranças desconfortáveis de olhos infantis que pareciam ver além da superfície.
Com esforço sobre-humano, virou-se de lado, sentindo como se o cérebro estivesse sendo espremido por dentro. Tentou contar os copos de uísque. Sexto? Sétimo? Tinha quase certeza de que em algum momento discutiu Nietzsche — com Lucca, talvez... ou com uma planta decorativa do bar.
Um som leve de risadas ecoou vindo da cozinha.