MAITÊ
Acordei com o cheiro de café fresco e bolo de milho vindo da cozinha. Por um instante, pensei estar sonhando. Não ouvia buzinas , notificações ou passos apressados de ninguém tentando me vigiar ou controlar. A casa da avó de Arthur era silenciosa , cercada por uma paz que parecia vir da própria madeira antiga, das janelas abertas , do balanço leve das cortinas e do som dos pássaros lá fora.
Desci as escadas descalça , com os cabelos ainda úmidos do banho. O vestido leve que encontrei sobre a cama tinha cheiro de alfazema e ternura. Nunca imaginei que algo tão simples pudesse me devolver a sensação de ser cuidada.
Maria Antonieta já estava na cozinha , fatiando frutas com uma leveza que só o tempo traz.
-Bom dia , minha querida – ela disse , sorrindo como se já me conhecesse há anos. Dormiu bem?
-Melhor do que nas últimas semanas – respondi com sinceridade ,sentando-me à mesa.
Ela colocou uma xícara diante de mim , com as mãos firmes e calorosas. Sorri . Havia algo nela que