####CAPÍTULO 6

Os trigêmeos dormiam tranquilamente, como três anjinhos exaustos, entregues a um sono profundo após um dia repleto de aventuras que incluíram alimentação, pintura e muitas travessuras.

— Cuidadosamente, eu os acomodei, cobrindo cada um com um leve lençol adornado com pequenas estrelas bordadas, que conferiam e um toque mágico ao ambiente.

O quarto infantil estava envolto em silêncio, impregnado com o aroma do shampoo e o doce perfume do suor infantil, um cheiro que evocava a inocência e a alegria de uma infância despreocupada.

— Ao fechar a porta lentamente, a Dona Laura, com seu olhar maternal e um sorriso afável, aquecia meu coração ao comentar: — Viu como você tem jeito?

— Eu respondi em um sussurro, com a voz tremulando: — Não sei...

É meu primeiro dia, estou apreensiva, e preciso conversar com minha mãe, pois vim para fazer faxina; nunca imaginei que me pediriam para ser babá.

A responsabilidade de cuidar dos trigêmeos, tão vivazes e brincalhões, parecia um desafio imenso. — Ligue para ela agora; você é a única que os 'anjos', como você os chama, aceitaram sem causar pânico — aconselhou Laura, sua voz carregada de encorajamento.

— Enquanto eles dormem, aproveite, pois esses dois não costumam dormir por muito tempo, e quando acordarem, espero que continuem tão calmos.

Desci para a cozinha, que estava vazia e iluminada pelo sol da tarde que entrava pela grande janela, lançando uma luz dourada sobre a mesa de madeira, onde recortes de papel e tintas ainda permaneciam como testemunhas do dia agitado.

— Peguei meu celular, que era simples e estava todo arranhado por marcas de uso, e fiz a ligação. — Mãe, a senhora está bem?

— Filha? Como está indo o seu trabalho, está conseguindo lidar com o trabalho?

— A voz dela soava cansada, mas havia um toque de preocupação que me fazia sentir um peso no coração.

Então, compartilhei tudo: as travessuras das crianças, o banho de tinta que quase manchou o chão, a babá que tinha fugido xingando os anjos, e o jeito como os pequenos me abraçaram com alegria genuína.

— Expliquei que a governanta me contratou como babá e que o salário era suficientemente bom para que ela pudesse parar de trabalhar.

— Falei também sobre a necessidade de morar na casa e como me sentia, ao mesmo tempo assustada e tocada, ciente de que esse trabalho poderia ser uma oportunidade não só para mim, mas para toda a minha família.

Minha mãe ficou em silêncio por um momento antes de responder, sua voz agora suave e firme. — Brenda… minha filha… — disse, baixinho.

— Se Deus a colocou aí, é porque você é capaz. — E se você receber esse salário… posso finalmente cuidar da minha saúde.

—Você poderá auxiliar seus irmãos, minha filha… isso é um presente.

— Mas eu sei bem como os trigêmeos são travessos; são crianças boas, sempre foram gentis comigo.

— Vai dar tudo certo; você tem um jeito com crianças, um talento raro que muitos não conseguem perceber.

Meus olhos se encheram de lágrimas; a mistura de emoção era avassaladora.

— Mas eu temo não ser capaz de cuidar deles… — confessei, a voz embargada.

— Filha, você cuidou de mim por anos, mesmo quando eu não era a mãe que você merecia.

— Você sempre cuidou de seus irmãos, é um instinto seu. — Você foi uma mãe melhor do que eu consegui ser.

— Se há alguém neste mundo que pode cuidar de crianças… essa pessoa é você.

Apertei o celular contra o peito, sentindo seu calor reconfortante. — Farei o que você achar melhor, mãe…

— Faça o que seu coração está dizendo, ele é seu guia.

— Ela riu suavemente, e aquela risada parecia iluminar a escuridão da incerteza que me cercava.

— Parece que essas crianças já a escolheram, despedi-me com a mão trêmula, mas o coração aquecido pela fé que ela depositava em mim.

Guardei o celular na bolsa, respirei fundo, e foi exatamente nesse momento que a porta da cozinha se abriu.

— Levei um susto tão grande que quase derrubei a jarra de suco na mesa, e lá estava ele...

— O homem mais belo, imponente e cansado que eu já havia visto na vida. — Usava um terno impecável, com sapatos que pareciam ter custado o preço de um carro popular, reluzentes sob a luz suave da cozinha.

— Seu cabelo escuro estava levemente bagunçado, como se o dia difícil por trás dele não tivesse lhe deixado tempo para se arrumar.

A sombra da barba acentuou um rosto forte e anguloso, um traço de determinação que não podia disfarçar a fragilidade por trás dos olhos.

— E aqueles olhos… meu Deus… tão claros que pareciam jade, profundos, mas com um olhar triste, repleto de sobrecarga, dor e autoridade, como se cada uma das decisões que ele tomou pesasse em seus ombros.

Era ele, o Senhor Brandon King Callahan, o pai dos trigêmeos e um bilionário cuja fama se espalhou por toda a cidade.

— A presença dele na sala parecia dominar o ar, como se o tempo parasse.

— Ele parou na porta, olhando-me de cima a baixo com um olhar frio e confuso que fazia meu coração acelerar.

— Quem é você? — perguntou, em um tom grave que me causou arrepios e um nó na garganta.

— Eu engoli em seco, admirando a mistura de vulnerabilidade e força que ele emanava.

A governanta, Dona Laura, apareceu na porta do corredor antes que eu tivesse a chance de responder, como um escudo protetor contra a tempestade que se aproximava.

— Sr. Callahan… essa é a Brenda — ela disse, com a mão sobre o peito, como se apresentasse alguém digna de confiança.

— A nova babá das crianças; a Beatriz se demitiu depois de um incidente envolvendo tinta com.

— A expressão dele mudou enquanto me observava mais atentamente, como se estivesse tentando entender quem eu era e como, em poucas horas, eu entrei em sua vida sem permissão.

— Babá? — ele repetiu, como se a palavra tivesse um gosto amargo, misturando desgosto e descrença.

— E onde estão meus filhos? A Beatriz era uma babá, e agora tudo parecia confuso e caótico para ele.

—Respirei fundo e falei, esforçando-me para não gaguejar: — Estão dormindo, senhor.

— Após o almoço, eu os coloquei para dormir; antes, brincamos de pintura, e estavam bastante cansados.

O Senhor Brandon franziu o cenho, uma expressão que misturava raiva e preocupação, e perguntou: — Dormindo? — Sim, senhor; eles são anjos, não entendo por que a outra babá os chamou de demônios.

— Minha tentativa de suavizar a situação fez seus olhos se estreitaram, como se quisesse captar cada nuance da verdade em meio ao sofrimento.

— Ele piscou, como se aquilo fosse difícil de acreditar, um gesto que revelava sua incapacidade de confiar em alguém novamente. E, pela primeira vez, um indício quase imperceptível de alívio cruzou seu rosto, como uma luz tênue em uma noite escura.

—Ele passou a mão pelo cabelo, soltando um suspiro pesado, um som que carregava a dor de um homem que perdeu mais do que poderia suportar.

— Milagre — murmurou, quase para si mesmo, mas eu ouvi.

— Permaneci em silêncio, pois ele não percebeu o que eu dissera sobre a babá chamando os filhos dele de demônios.

—E então, com um tom mais sério, ele disse, sua voz firme agora: — Quero entender quem é você, Brenda, e como conseguiu fazer meus filhos dormirem, porque isso… não acontece desde que minha esposa faleceu.

— Meu coração disparou, a responsabilidade e a incerteza se entrelaça em minha mente, enquanto eu me preparava para defender minha capacidade de guiá-los em um momento tão frágil.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App