Mundo de ficçãoIniciar sessãoCONTINUAÇÃO – GUERRA NA HORA DO ALMOÇO
Se o jardim tivesse sido tranquilo, o almoço… Foi outra história. —Eu sentei as três crianças na mesa da cozinha, cada uma com seu pratinho colorido, tudo cortado bonitinho, certinho, do jeito que uma casa de bilionário faz. E no exato segundo em que os pratos encostaram na mesa… começou o caos. — Eu não gosto de brócoliiiiis! — Mark gritou, quase caindo da cadeira. — Eu não quero beterraba! — Michael reclamou, empurrando o prato com a cara fechada. — Eu não vou comer essa batata aí! — Meredith decretou, fazendo o biquinho mais autoritário que eu já vi em uma criança de cinco anos. Eu respirei fundo, “Pronto, vai começar a terceira guerra mundial.” — Os três cruzaram os braços ao mesmo tempo. Pareciam um mini sindicato infantil. — A gente quer batata frita com filé! — os três disseram, em coro ensaiado. Ah, meu Deus, me socorre, eu fiz exatamente o que minha mãe fazia quando eu e meus irmãos queríamos viver só de fritura. Ajoelhei ao lado deles, coloquei os cotovelos na mesa e fiz meu discurso mais dramático: — Crianças… vejam bem… Eles levantaram as sobrancelhas, curiosos. Comecei pelo Mark: — O brócolis vai fazer você ficar mais forte. Tipo o Popeye que vocês viram no desenho? Ele comia espinafre e ficava fortão. Pois o brócolis faz a mesma coisa no corpo. Mark piscou, já mexendo no brócolis com menos ódio. Aí virei para Michael: — A beterraba deixa o sangue de vocês mais forte, mais vermelhinho… e faz vocês correrem mais rápido. Ela é como um super combustível para o corpo! — Ele arregalou os olhos. — Eu vou correr mais rápido que o Mark? — Talvez. — eu sorri. Mark bufou. Claro, e olhei para Meredith: — O purê de batata doce tem muita proteína. Ajuda o cérebro a pensar mais rápido, sabia? —É como pegar um atalho para as melhores ideias! E eu sei que você gosta de pensar rápido… Ela levantou o queixo toda vaidosa. — É verdade. Eu penso bem rápido mesmo. Continuei: — Se vocês misturarem tudo com a carninha que vocês gostam e com os legumes… Tudo isso que está no pratinho tem uma função no corpinho de vocês. É como se cada alimento fosse um aliado na jornada do crescimento. — Os três estavam hipnotizados. — Se vocês comerem tudinho, na hora do soninho eu vou explicar como cada alimento vai agir dentro do corpinho enquanto vocês dormem. — A gente vai ficar forte? — perguntou Michael. — A gente vai crescer mais rápido? — perguntou Mark. — E eu vou ficar com a cabeça mais inteligente? — perguntou Meredith, como se isso fosse possível. — Sim, mas vocês precisam comer tudo, e tem uma coisa: tem crianças no mundo que não têm o que comer… vocês têm, então não podemos desperdiçar, ok? Eles se entreolharam. Um segundo, dois e então: — Tá bom! — disseram juntos, e comeram tudo até rasparam o prato, eu quase chorei de emoção, se minha mãe visse isso, fazia promessa na igreja. — Depois levaram suas escovinhas de dentes para o banheiro, todos bagunçando, derrubando pasta e rindo, mas escovaram. —E então eu os coloquei nas caminhas do quarto de descanso, me sentei entre eles e comecei a explicar: — Olha… quando vocês comeram o brócolis, ele foi pro estômago… e lá dentro ele vira força. —A beterraba… ela vai pro sangue, e deixa o sangue feliz. A batata doce vai pro cérebro e fala assim: “Vamos pensar melhor, Meredith?” E as vitaminas todas vão correndo pro corpo… dizendo “Ei! Vamos crescer!” Eu olhei para os três, Mark estava dormindo e Michael também, Meredith lutava… mas perdeu a batalha contra o sono, e Dormiu. Eu sorri tão fundo que até meu peito doeu. — Foi quando ouvi passos na escada. A dona Laura apareceu na porta, ficou olhando a cena e soltou aquele suspiro de quem finalmente tem descanso. — Brenda… — ela disse baixinho. — Você tem mais jeito com eles do que todas as babás formadas que já passaram por esta casa. —Eu chorei, de verdade, olhei para os três anjinhos — agora dormindo como se nunca tivessem causado nenhuma confusão. —E pensei: Talvez… só que eu realmente consiga fazer isso.






